null Alunos de Marketing da Unifor arrecadam recursos para projetos comunitários

Qua, 25 Maio 2022 09:50

Alunos de Marketing da Unifor arrecadam recursos para projetos comunitários

Campanhas acontecem até o fim do semestre e englobam problemáticas como pobreza menstrual e insegurança alimentar


A iniciativa tem como norte os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e foi implementada pela primeira vez neste semestre (Foto: Getty Images)
A iniciativa tem como norte os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e foi implementada pela primeira vez neste semestre (Foto: Getty Images)

A Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, carrega em seu âmago a vontade de servir sua comunidade, por meio de iniciativas que visem um mundo mais igual e sustentável em todos os sentidos possíveis. Sendo assim, todos os cursos da Unifor possuem metodologias que refletem a preocupação com a responsabilidade social, presente nos pilares da instituição. 

Como exemplo das contribuições da Universidade para uma sociedade mais justa, alunos da disciplina de Gestão de Mídias Digitais do curso de Marketing (Tecnólogo) da Unifor, ao longo deste semestre, estão realizando campanhas para arrecadar recursos para projetos sociais que ajudam pessoas em níveis de vulnerabilidade extrema no Estado do Ceará. A iniciativa também envolve a criação de planejamento e a apresentação de um relatório ao fim do período letivo.

Eugênia Melo Cabral, professora responsável pela disciplina, explica que a turma foi dividida em dois grupos, e cada equipe abraçou uma causa específica: metade ficou responsável por ajudar o projeto Sangue Nosso, que tem o objetivo de combater a pobreza menstrual no Estado, e a outra metade adotou o “BuChein”, campanha popular associada ao Banco Palmas e que visa reduzir a insegurança alimentar no Conjunto Palmeiras.

Ambas as iniciativas podem ser relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com a docente, a campanha relativa à garantia da dignidade menstrual está ligada ao ODS 5 - “Igualdade de gênero”, e a referente ao combate à fome se encaixa nos ODS 1 e 2 - “Erradicação da pobreza” e “Fome zero e agricultura sustentável”, respectivamente. 

Segue o fluxo

Em 2014, a ONU reconheceu o direito à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos; porém, mesmo oito anos depois, a pobreza menstrual ainda é um problema que afeta muitas pessoas ao redor do globo, especialmente pela falta de dados relevantes sobre o assunto. 

Assim, com o objetivo de desmistificar os preconceitos acerca da menstruação e ajudar a garantir um período menstrual digno a “todes” que passam por esse ciclo, os alunos responsáveis por atender o projeto “Sangue Nosso” criaram a campanha “Segue o Fluxo”. A ação coleta itens de higiene pessoal, como absorventes, escova e pasta de dente, sabonete e papel higiênico. Os alunos também estão recebendo dinheiro pelo pix, e toda a quantia arrecadada vai diretamente para a iniciativa.


Rafael Aragão (esquerda) e demais integrantes da equipe “Segue o Fluxo” (Foto: Acervo pessoal)

Rafael Aragão, integrante da equipe, conta que os alunos que escolheram trabalhar com essa problemática já tinham sentido ou visto pessoalmente os problemas que a falta de dignidade menstrual pode levar, ou escolheram por saber que esse é um tema que ainda é rodeado de tabus. “Nos encantamos pelo trabalho da idealizadora Larissa Maia, que sozinha criou uma comunidade para as pessoas que menstruam e segue forte desde 2020”, afirma o estudante.

A campanha está forte nas redes sociais, e Aragão conta que seu grupo decidiu, além de apenas pedir dinheiro ou itens de doação, informar a população sobre o assunto, já que a pobreza menstrual, apesar de muito comum no Brasil, ainda é pouco comentada. Ademais, os integrantes também espalharam caixas de arrecadação pelo campus, a fim de facilitar a doação dos materiais. 

De “bucho” cheio

O Ceará ocupa a sétima colocação no ranking dos estados mais pobres do Brasil. Em abril de 2021, o Estado registrou 1,1 milhão de famílias em situação de extrema pobreza em seu território, e um estudo publicado na revista Public Health Nutrition sobre como a pandemia aumentou a insegurança alimentar no Ceará relatou um aumento de 15,5% no número de famílias com crianças de até nove anos que sofrem com o problema da fome.

Amanda Antunes, uma das alunas que escolheu abraçar a causa da campanha popular “BuChein”, conta que a iniciativa, antes da pandemia, atendia somente crianças da própria comunidade, localizada no Conjunto Palmeiras. Porém, com a pandemia, o projeto não tinha como continuar com as atividades.


Amanda Antunes (esquerda) e os integrantes da equipe responsável por ajudar o projeto “Buchein” (Foto: Acervo pessoal)

“Ao invés de parar, eles fizeram um levantamento e cadastraram as famílias mais necessitadas de acordo com o cenário. Registraram 120 pessoas e passaram a doar sopa todos os dias, de segunda a sexta-feira. Esse projeto é patrocinado pelo Instituto Banco Palmas, o banco da comunidade criado em 1998, mas que só foi reconhecido como banco em 2007”, explica a discente. 

Assim como a outra equipe, Amanda e os demais integrantes decidiram utilizar o Instagram como plataforma principal para a arrecadação de recursos, devido a uma maior visibilidade e fácil acesso que a rede dispõe. As ações realizadas envolvem postagens sobre o bairro onde o projeto é localizado, a importância da iniciativa para a comunidade e informações sobre desnutrição.

Tudo é uma troca

A professora Eugênia conta que escolheu essas duas temáticas por acreditar em sua urgência, e explica que uma das diretrizes do ensino da Unifor é dar aos alunos uma dimensão de como eles podem agir em cima de temáticas imediatas a partir do conhecimento que adquirem em sala de aula. 

“O ganho para os alunos ocorre em vários níveis. Desde aprender a trabalhar em projetos com prazos, divisão de responsabilidades, régua de entrega, até aplicar a lógica das mídias digitais, entender estratégias de campanha, avaliar resultados para ajustar as ações. Eu quero acrescentar que fiquei muito feliz em como a turma abraçou os projetos. Eles realmente se engajaram nos temas, e isso tem sido muito bonito de ver”, declara a docente.

Para Rafael, a Universidade vai muito além da parte acadêmica. A instituição deve ser responsável por aflorar o senso de cidadania em seus alunos, e os fazer olhar para problemas de suas comunidades, atuando como parcela ativas na busca de soluções. 

Ao ser questionada sobre a importância de projetos serem desenvolvidos no ambiente acadêmico, Amanda Antunes, por sua vez, afirma que essas iniciativas têm a oportunidade de ganhar mais força, visibilidade e adesão por parte dos alunos: “Novas histórias, novas experiências, novos conhecimentos. No final de tudo, é uma troca. Acredito que, fazer pelo outro, praticar a benevolência, o ato de pensar no outro, é uma maneira de ampliar o nosso mapa”, finaliza a discente.