Terror na cultura pop: 5 filmes de terror baseados em obras literárias

O medo é um sentimento universal¹. É uma reação natural do indivíduo ao responder estímulos de iminente perigo, real ou imaginário, que o deixa em total estado de tensão e alerta. O medo da morte, da dor, da perda, do sobrenatural, do desconhecido são exemplos de angústias que aterrorizam (e fascinam) a humanidade desde sua origem, sendo representadas de diversas formas ao longo da história, desde a tradição oral dos mitos às telas do cinema.

Na literatura, é possível encontrar elementos fantásticos e sobrenaturais nos poemas épicos medievais e modernos como Divina Comédia e Paraíso Perdido de Dante Alighieri e John Milton, respectivamente; nas tragédias shakespearianas como Macbeth; nos contos de fada amplamente difundidos no século XVII², e; no movimento literário gótico do final do século XVIII, que surgiu em contraposição ao extremo racionalismo do movimento iluminista "para perturbar a superfície calma do realismo e encenar os medos e temores que rondavam a nascente sociedade burguesa [...] com o sobrenatural maligno, o horrível, o insano e o demoníaco, categorias que o mundo racional dos iluministas havia pretendido relegar ao esquecimento"³.

A literatura gótica foi essencial para a popularização do gênero do terror na cultura nos séculos seguintes¹, como a segunda onda do Romantismo, tendo como expoente na América o autor Edgar Allan Poe que definiu muitas das características estéticas da literatura de terror, como a introdução de elementos do suspense².

A estética da literatura gótica - "castelos decadentes, mansões, torres e outras estruturas medievais relativamente isoladas, que procuravam assustar pela evocação de uma atmosfera intimidante e ameaças sobrenaturais"¹ - presente em clássicos como Frankenstein (1818) de Mary Shelley, O Médico e o Monstro (1886) de Robert Louis Stevenson e Drácula (1897) de Bram Stoker, somada a estética onírica e anti-realista movimento Expressionista Alemão foram as principais inspirações para a introdução do terror na então emergente arte da imagem em movimento: o cinema.

Nos primeiros anos do cinema, na Alemanha, são lançados O Gabinete do Dr. Caligari (Robert Wiene, 1919) e Nosferatu (F. W. Murnau, 1922), este último já baseado na obra Drácula de Bram Stoker. O cinema estadunidense incorpora o estilo e lança nos anos seguintes O Fantasma da Ópera (Rupert Julian, 1925), Drácula (Tod Browning, 1931), Frankenstein (James Whale, 1931), O Médico e o Monstro (Rouben Mamoulian, 1931) e O Homem Invisível (James Whale, 1933)¹. Todos baseados em obras literárias homônimas.

Com o crescimento da indústria cinematográfica de terror, roteiros originais foram sendo desenvolvidos para novas produções, baseados em medos contemporâneos, deixando um pouco de lado os aspectos clássicos e provincianos do gótico e apostando nos anseios modernos e ambientes urbanos. Contudo, a literatura de terror também não deixou de se renovar e continuar servindo de inspiração para a sétima arte. É praticamente impossível falar em clássicos do cinema de terror sem citar grandes adaptações de livros ao longo da história das produções cinematográficas do gênero.

Confira a seguir, 5 filmes clássicos de terror inspirados em obras literárias!

Frankenstein (1931)

O longa-metragem em preto-e-branco dirigido por James Whale é um dos filmes mais memoráveis da era de ouro de Hollywood. O roteiro é adaptado do romance gótico Frankenstein ou O Prometeu moderno (1818), também considerado a primeira obra literária de ficção científica da história, escrito pela inglesa Mary Shelley. O enredo conta a história de um jovem cientista (Victor Frankenstein no livro; Henry Frankenstein no filme) que dedica seus estudos e experimentos em busca da geração da vida, criando uma criatura monstruosa cujo impulsos fogem do seu controle.

Psicose (1960)

Esta obra-prima de Alfred Hitchcock que conta com a icônica atuação da atriz Janet Leigh é baseada no livro homônimo de Robert Bloch (1959). O enredo gira em torno da personagem Marion Crane, que durante sua fuga após roubar uma boa quantia de dinheiro da empresa onde trabalhava, resolve se abrigar de uma tempestade em um decadente motel à beira da estrada, onde seu destino cruza com o pacato e misterioso proprietário Norman Bates, que transforma a sua estadia em um pesadelo.

O Bebê de Rosemary (1968)

Esse clássico do cinema de horror dirigido por Roman Polanski é baseado no romance homônimo escrito por Ira Levin (1967). A história narra a vida de um jovem casal, Rosemary e Guy, recém-chegados a um novo apartamento em Nova Iorque. As coisas parecem fluírem normalmente, até a descoberta da gravidez de Rosemary, que passa a ter sonhos diabólicos e suspeita que seu esposo e seus vizinhos estejam escondendo algo dela, numa trama que a faz duvidar da própria sanidade.

O Exorcista (1973)

Este outro grande clássico do cinema de terror dirigido por William Friedkin é baseado no livro homônimo de William Peter Blatty (1971), que teve participação direta na escrita do roteiro da adaptação. A trama gira em torno do exorcismo de Regan McNeil, uma adolescente de 12 anos. O livro, por sua vez, é baseado na  história real de Roland Doe.

O Silêncio dos Inocentes (1991)

Sucesso de bilheterias e vencedor do Oscar em cinco categorias (Melhor Filme, Melhor Diretor para Jonathan Demme, Melhor Ator para Anthony Hopkins, Melhor Atriz para Jodie Foster e Melhor Roteiro Adaptado), O Silêncio dos Inocentes é uma adaptação do livro homônimo de Thomas Harris (1988) que narra a história da agente Clarice Starling que, para resolver uma série de assassinatos, recorre ao famoso serial killer Hannibal Lecter, condenado à prisão perpétua, para conseguir desenhar o perfil psicológico do assassino desconhecido, mas se vê envolvida em um quebra-cabeça mortal.

A Biblioteca Central da Unifor possui exemplares das cinco indicações acima! Verifique a disponibilidade em Unifor Online > Biblioteca Digital > Busca Integrada.

Referências

1. LAROCCA, G. M. O corpo feminino no cinema de horror: gênero e sexualidade nos filmes Carrie, Halloween e Sexta-feira 13 (1970 - 1980). 2016. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Pós-Graduação em História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2016. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/41967/R%20-%20D%20-%20GABRIELA%20MULLER%20LAROCCA.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em 31 out 2022.

2. SILVA, M. G. Escritas do medo: horror e sobrenatural na literatura. Todas as musas, [S.l.], ano 09, n. 01, p. 02-06, jul./dez. 2017.

3. FRATUCCI, A. S. A. A monstruosidade humana: a literatura gótica como base para a construção do fantástico. In: CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC, 15., 2017, [S.l.]. Anais [...]. [S.l.]: Abralic, 2017. Disponível em: https://abralic.org.br/anais/arquivos/2017_1522185721.pdf. Acesso em 31 out 2022.


Thailana Tavares - Bibliotecária da Videoteca