Conheça empresas que expandiram seus negócios durante a crise gerada pela Covid-19

Para sobreviver à crise econômica causada pela pandemia, alguns negócios precisaram se reinventar. Enquanto isso, outros, simplesmente alavancaram as vendas, ganhara em escala e lucratividade, graças às oportunidades que o momento trouxe.

Da sala de aula para os desafios da vida empreendedora, cinco empresárias, ousaram com ideias inovadoras para enfrentar a crise econômica. Ex-alunas da Universidade de Fortaleza, elas receberam consultoria do Escritório de Gestão, Empreendedorismo e Sustentabilidade (EGES) e se destacaram nos negócios. “Precisaram de forma geral se reinventar nesse período da pandemia, buscando novas formas de gerar receita, e de se comunicar com seus segmentos de clientes”, afirma Renata Torquato, professora da Unifor e uma das articuladoras do Escritório.

De acordo com a professora, as empresas se destacaram pela capacidade de adaptação ao momento da crise e pelas estratégias adotadas para ampliar as oportunidades de negócios. Conheça essas histórias a seguir.

A volta das festas em casa: a estratégia da Feito com Jeito

O setor de eventos foi um dos mais abalados pela pandemia. Com as aglomerações proibidas, toda a cadeia sentiu o impacto das remarcações ou cancelamento de festas. Não foi diferente com a empreendedora Juliana Melo, criadora da Feito com Jeito, uma empresa que organiza aniversários infantis nas escolas. No caso da Juliana, a crise foi o momento de se reinventar e adaptar os eventos a uma proposta segura, mas não menos divertida.

Antes da pandemia, o foco da empresa estava em organizar as festas nas escolas, conciliando os desejos das crianças por festas lúdicas e dos pais, por praticidade. Mas com as aulas presenciais suspensas, o formato precisou ser reformulado. E isso começou a partir de uma necessidade da própria Juliana, que também é mãe e sabe bem quais são as expectativas de uma criança no dia do aniversário.


“No meu caso, estava tudo preparado para a festa de aniversário de 7 anos do meu filho mais novo, no dia 19 de março, mas, por segurança, resolvemos cancelar. Fui em busca de alternativas: fizemos videochamada com amigos e familiares, decoração utilizando o móvel da sala de jantar, escolhemos os personagens, distribuímos as lembrancinhas com os amiguinhos que, por segurança, não poderiam participar, e escolhemos o bolo e os doces preferidos. Valorizamos a família e esse amor que é incondicional. Assim, nasceu, na prática, uma alternativa viável para celebrar aniversários”, conta a empresária.

A ideia foi comprada pelas clientes e manteve a empresa no mercado de eventos, mesmo em meio à crise. As festas marcadas não foram canceladas, apenas, remodeladas. No novo formato, a organização contou com a presença mais ativa dos pais, resgatando a ideia de festa em casa e aproximando as famílias. “Tivemos que nos readaptar ao novo contexto de celebração da vida, na maioria dos casos, valorizando ainda mais esse momento, e isso nos mostrou outras possibilidades viáveis dentro do negócio, onde valorizamos ainda mais a família e as relações”, avalia. “Acredito que ter empatia e criatividade nesse período de quarentena foi fundamental para nos mantermos no mercado de festas infantis”, conclui.

Para a empreendedora, apesar das incertezas, o momento também representou uma possibilidade de se reinventar e criar. “A pandemia serviu para mostrar a importância do conhecimento para criar estratégias de sobrevivência no mercado dos eventos sociais. Observei ainda mais a importância de oferecer qualidade nos produtos e serviços”, diz.

Educação a distância: o modelo escalável da Easy Capacitação

Para muitas empresas do setor de educação e treinamento, o ensino a distância fazia parte dos planos futuros. Mas com a pandemia, o projeto acabou se antecipando. Foi o caso da Easy Capacitação, no mercado desde 2017 com cursos e capacitações para vendedores e gestores de empresas. Até o início do ano, a empresa especialista em vendas consultivas, atuava apenas presencialmente, mas o modelo de negócio acabou dando uma virada. Resultado: hoje está em 19 estados e mais de 50 cidades.

Emilly Cavalcante, sócia-fundadora e diretora comercial, explica o que foi feito para alcançar este sucesso. “Intensificamos todos os nossos serviços, materiais e operações para o online, assim como a preparação da equipe! Desenvolvemos um modelo escalável para atingir o segmento escolhido (isso foi primordial), adaptando toda nossa metodologia prática com simulações, atividades e testes, para o online, fazendo com que a prática continue. Além disso, intensificamos o nosso marketing digital”, afirma.


Com o investimento nos cursos online, a empresa conseguiu escalar o negócio, atingindo outros estados. “A operação presencial nos limitava de capacidade produtiva. Perdíamos muito tempo em deslocamento, custos com passagens, hospedagem, combustíveis, sala, materiais impressos entre outros! Ou seja, a pandemia trouxe maior escalabilidade, menores custos de tempo e operação, além de fazer com que os clientes se adaptassem de forma mais rápida com o on-line, facilitando assim nosso trabalho”, avalia Emilly Cavalcante.

Com a expansão do negócio, os planos são de ampliar os investimentos. “O desejo é de abrir uma sede em um novo estado logo. Além disso, estamos trazendo novos treinamentos, então, em breve, tem novidade chegando”, antecipa a empreendedora.

No timing certo: o caso GOBAG

Em 2019, a empreendedora Nicole Hissa viu na própria necessidade uma oportunidade de empreender e resolver um problema que era comum a outras pessoas. Criou a GOBAG, um aplicativo que permite que o cliente experimente as roupas em casa antes de comprar. “Como diferencial para o consumidor final, entregamos a experiência, comodidade e praticidade de ele experimentar tudo de várias marcas locais em casa antes de comprar, recebendo no mesmo dia. Caso queira devolver alguma peça, em poucos cliques dentro do nosso app ele solicita a devolução e recolhemos as peças no endereço desejado”, explica Nicole Hissa, fundadora e CEO.


Com o crescimento do e-commerce, o negócio da Nicole se tornou um aliado da experiência de compra on-line. “Identificamos, portanto, que o cliente não vai mais até a loja, a loja tem que ir até o cliente. O nosso serviço é mais um canal de vendas para os lojistas”, observa. Na pandemia, o negócio se mostrou ainda mais promissor. “Esse momento representou uma aceleração da solução que o nosso negócio proporciona. As pessoas já olham como uma necessidade o nosso serviço. Estamos no timing certo”, constata.

O período de crise também serviu para medir a potência do negócio. “Durante a pandemia alteramos o material das nossas bags, para um material de fácil higienização, aumentamos os nossos protocolos de segurança e observamos o potencial do nosso negócio e o quanto ele é o novo comportamento dos consumidores, pois as pessoas têm dificuldade de comprar roupas on-line”, avalia a empreendedora.

Com o sucesso do empreendimento, muitos planos e projetos de inovação estão por vir. “A GOBAG atual é apenas o começo de algo muito grande que desejamos desenvolver”, vislumbra Nicole Hissa.

Atendimento humanizado: o posicionamento da Feminicis

A humanização do atendimento on-line foi a tática utilizada pela Feminicis durante a pandemia. “Normalmente, quando os clientes compram online, estão acostumados a terem um atendimento robotizado”, observa Bianca Brasil, sócia-proprietária e diretora financeira administrativa da multimarca de cosméticos. “No caso da Feminicis, como nosso diferencial é a consultoria na hora da venda e nós prezamos muito para aumentar a autoestima e autoconfiança das nossas clientes, nós investimos em um atendimento humanizado e ao mesmo tempo rápido, onde as clientes conseguiam tirar todas as dúvidas com uma das nossas vendedoras com uma resposta quase que imediata”, explica a empreendedora.

Ela conta que o negócio foi criado no final de 2017, em parceria com a irmã, Mariana Brasil. Desde o início, as sócias decidiram ter no DNA do negócio o amor pela beleza e empoderamento feminino. Elas apostaram na diversidade de produtos para cabelo, maquiagens, cosméticos corporais, produtos de cutelaria e acessórios do segmento e na venda especializada. “Temos uma loja onde as vendedoras são profissionais com cursos profissionalizantes na área da beleza, de maquiagem e recebem treinamento sobre os demais produtos, para conseguir dar uma verdadeira consultoria na hora da venda. Além disso, nossa loja dispõe de serviços como, cursos de automaquiagem, maquiagens agendadas e outros”, explica Bianca Brasil.

Com equipe qualificada, a empresa consegue entregar uma consultoria na hora da compra, para ajudar a cliente a escolher o melhor produto para atender a necessidade dela. Mantendo esse padrão, associado a um atendimento rápido, durante a pandemia, a empresa alcançou ótimos resultados. “Tivemos aumento do percentual das vendas on-line, mesmo quando o comércio voltou a abrir e vimos a possibilidade de atingir e impactar cada vez mais clientes”, avalia Bianca Brasil.

Rápida adaptação: a aposta do Picanha do Cowboy

A pandemia e todas as medidas de distanciamento social impostas no período obrigaram muitos negócios a agirem de forma ousada e rápida para se adequar ao novo momento. Para manter a clientela, os restaurantes que ainda não trabalhavam com delivery precisaram se organizar, sem deixar cair a qualidade. O Picanha do Cowboy foi um dos que agiu rápido para permanecer presente na vida dos clientes que conquistou ao longo de 25 anos de mercado.

“Durante a pandemia, com foco em estar presente na vida de nossos clientes, fizemos uma estratégia de nos readequarmos ao momento”, afirma Stephanie Aguiar, gerente de marketing do restaurante. “Com isso, modelamos nossa operação para atender nosso cliente por delivery com a mesma qualidade que temos no atendimento presencial. Além disso, também fizemos uma promoção agressiva no nosso almoço executivo e trouxemos alguns produtos novos para o cardápio. Para o momento de lockdown, também criamos um aplicativo próprio para atender nosso cliente por canais diferentes, como eles quisessem”, conta.


Outra estratégia foi criar uma operação nova chamada de Cowboy no PDD, para atender os clientes que estavam em bairros mais afastados, como o Porto das Dunas. “Também fizemos uma parceria com a Rede Ubuntu e, durante o mês de maio, todo o lucro referente a venda do nosso potinho de farofa foi doado para a Casa Nazaré. E, para a reabertura de nossas lojas, fizemos um plano junto com nossa engenheira de alimentos seguindo todos os protocolos e focando sempre na segurança e bem-estar da nossa equipe e clientes”, elenca Stephanie Aguiar.

Para a gestora, contar com uma boa liderança nesse momento fez toda a diferença para o negócio. “Toda equipe que está trabalhando com delivery tem que ter um líder que monitore a entrada e saída de pedidos, verifique os produtos e ‘solte’ para os entregadores. Além disso, também é muito importante estar atento às novas oportunidades, pois esse também é um momento de prospecção e fidelização de clientes. Se fazer presente em uma fase difícil, representando um momento de lazer, é muito bom para a marca, pois irá deixá-la mais forte e melhorará o relacionamento com clientes”, ensina.

A lição que fica para os empreendedores nesse momento é nunca parar de se adaptar. As mudanças estão acontecendo de forma rápida, por isso, é fundamental ter uma boa performance e estar sempre buscando conhecimento.

Fonte: Diário do Nordeste