O ato de empreender, ou seja, abrir o próprio negócio, pode ser motivado por vários fatores, entre eles: desejo, tino comercial, olhar atento à oportunidade ou necessidade. Não importa o motivo que leve alguém a empreender, o fato é para obter sucesso, é necessário possuir conhecimento financeiro. Quando menciono conhecimento financeiro, não me refiro apenas ao conhecimento de planilhas de custos ou entender da carga tributária inerente a uma empresa, falo também sobre finanças pessoais.

Muitas vezes, é difícil equilibrar as contas. De acordo com a Agência Brasil, 78,5% das famílias brasileiras estão endividadas, imagine ter que gerenciar também as contas de uma empresa? Para lograr sucesso na empreitada empreendedora, algumas noções básicas de finanças pessoais são fundamentais para facilitar o processo gerencial da empresa.

Entre essas noções, destaco a diferenciação entre as contas pessoa física (PF) e pessoa jurídica (PJ). Quanto menor a empresa, mais complexo esse processo pode ser, mas ainda é fundamental para o entendimento contábil-financeiro do empreendedor.

Separar as contas pessoais da empresarial e estipular um pró-labore é o primeiro passo para ter clareza sobre quem é, de fato, o dono do dinheiro. Aproveite esse exercício e já separe um valor de aluguel, caso a empresa funcione em sua residência, bem como um valor para despesas como frete, caso você utilize o veículo da família para fazer entregas, entre outros.

Essa clareza dos dados financeiros é de suma importância para o bom gerenciamento do negócio, afinal, ser empreendedor é ser um gestor, e ser gestor envolve tomar decisões. Portanto, a separação das contas facilita o processo de tomada de decisões mais conscientes, tanto no âmbito empresarial quanto no pessoal, facilita o planejamento financeiro eficiente e evita endividamentos desnecessários.

Outras sugestões incluem o registro de todas as transações financeiras da empresa, o que também é uma boa dica para um orçamento pessoal equilibrado. Ter uma reserva  financeira para contingências ou disponível para investimentos de oportunidade e sempre buscar melhores opções de crédito e de financiamentos, trocando dívidas de curto prazo com juros elevados por dívidas de longo prazo com juros mais baixos.

Portanto, neste breve texto, procuro mostrar a importância de separar as contas da empresa das contas pessoais e mantê-las em equilíbrio. Para concluir, sugiro buscar sempre a orientação de um profissional certificado que possa auxiliar no gerenciamento financeiro pessoal e empresarial.

Texto por Felipe Sobral, professor dos cursos de Ciências Econômicas e Finanças da Universidade de Fortaleza.