Economia do Ceará em 2022 vai crescer?

Os juros em alta, a inflação persistente e alta volatilidade nos mercados financeiro e cambial, são alguns dos “ingredientes” da economia brasileira para o ano de 2022. Em outro sentido, espera-se melhora no nível de emprego e no avanço no setor de Serviços e nas vendas do varejo.

Neste cenário, combinado com a disputa eleitoral acirrada e a pandemia ainda no radar, desenha-se um quadro econômico de baixo crescimento do PIB no Brasil, por volta de 0,5%, mas com possibilidade de um cenário mais pessimista, com retração da atividade econômica, caso haja deterioração de variáveis macroeconômicas, ou mesmo com novas ondas/cepas de Covid.

No contexto local, a nossa economia vem se destacando ao longo dos anos, sobretudo por apresentar crescimento superior ao Brasil. De 2013 a 2021, conforme informações do IBGE e do IPECE, a performance da economia cearense apresentou melhor resultado que o Brasil em 6 dos 9 anos do período.

O que esperar da economia cearense em 2022?

No olhar prospectivo, o Núcleo de Práticas em Economia – Nupe, vinculado ao curso de Ciências Econômicas da Universidade de Fortaleza, realizou estimativas econômicas, fundamentadas em modernas técnicas macroeconômicas e econométricas, de forma a “jogar luz” sob o panorama econômico para o ano de 2022.

O NUPE, em relatório recente, aponta que a economia cearense, no cenário provável, deve crescer 1,6% em 2022, portanto, melhor que o Brasil.

Ademais, caso as variáveis macroeconômicas, como juros e inflação não sejam tão danosas ao consumo e a renda, bem como as atividades de serviços apresentem resultados mais alvissareiros, a exemplo do turismo, pode-se esperar um cenário otimista, chegando o PIB cearense a avançar 3,5% neste ano.

E quais fatores devem contribuir para o crescimento econômico do Ceará em 2022?

Segundo o NUPE, o crescimento econômico do Ceará pode ser explicado, em grande parte, por 2 fatores:

1) Aumento do processo de vacinação, no qual vem permitindo um maior avanço das atividades econômicas presentes no setor de serviços e que sofreram maiores restrições na pandemia, como serviços de alojamento, alimentação, transportes de passageiros e serviços prestados às famílias;

2) Equilíbrio fiscal das contas públicas do Estado, o que vem permitindo o Governo de Ceará apresentar um alto nível de investimento público em relação à sua receita corrente líquida, o que favorecerá uma grande quantidade de atividades econômicas cearenses ligadas a cadeia de produção da construção civil, aumentando a produção e consequentemente a massa salarial e a arrecadação de tributos.

O relatório completo do Núcleo de Pesquisas Econômicas – NUPE pode ser acessado no endereço unifor.br/nupe.

Além destes fatores sugeridos pelo Nupe, acredito que o aumento da massa salarial e da melhoria do nível de emprego, sobretudo nas atividades de comércio e serviços no 2º. Semestre, devem catalisar as forças motrizes de crescimento do estado, que têm forte peso na geração do PIB do Ceará.

Artigo do professor Allisson Martins, coordenador do curso de Ciências Econômicas da Universidade de Fortaleza, originalmente publicado no Diário do Nordeste.