Empreendedorismo feminino: barreiras que precisam ser quebradas

Comemorado no dia 19 de novembro, o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino tem o objetivo de evidenciar e valorizar as mulheres como protagonistas no campo empresarial. O empreendedorismo feminino é todo negócio ou projeto em que as mulheres são as protagonistas, seja como idealizadoras ou na atuação em cargos de alta liderança.

É notório o aumento da participação das mulheres no cenário do empreendedorismo global, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), no Brasil, há 10,1 milhões de mulheres à frente de um negócio, o que equivale a 34% do mercado geral. Porém, mesmo com esse número expressivo, muitas dificuldades ainda são enfrentadas no dia a dia empresarial de uma mulher.

Um estudo da ONU comprova que as mulheres dedicam 8 horas a mais que o homem nos afazeres domésticos, estudam mais (8,1 contra 7,6 anos dos homens) e ainda têm uma renda menor. Além disso, a ONU também tem mostrado que com a pandemia as mulheres, principalmente mães solos, ficaram ainda mais sobrecarregadas e dedicaram cerca de 4 horas diárias a família e as tarefas domésticas, enquanto homens gastam pouco mais de 1 hora.

Entre tantas dificuldades, separamos algumas mais frequentes no dia a dia empresarial de uma mulher: 

Fazer networking: pesquisa citada pela Revista Exame mostra que as mulheres brasileiras são as que menos se relacionam para fazer networking.

Estabelecer um negócio: segundo dados da pesquisa GEM, realizada em 2014, 51,2% das mulheres são responsáveis por iniciar um negócio frente a 48,8% dos homens. No entanto, esse número cai para 45,1% daqueles que conseguem estabelecer o seu empreendimento.

Conciliar responsabilidades: dar conta de todas as atividades profissionais, pessoais, familiares e sociais, é uma grande barreira para as mulheres assumirem o empreendedorismo.

Não encontrar apoio: a falta de apoio do parceiro, amigos, familiares e até de instituições financeiras, é um grande e antigo desafio para as mulheres entrarem no mundo dos negócios.

Assédios e preconceitos: 72% das mulheres inseridas no mercado de trabalho já sofreram algum tipo de assédio ou preconceito, segundo o Aberje em 2022.

Porém, mesmo com várias dificuldades, existem mulheres que conseguiram passar por cima desses empecilhos de maneira majestosa, se inserindo e virando até referências no mercado. Como, por exemplo, Rachel Maia, conhecida por ser a primeira mulher negra a ocupar o posto de CEO de uma multinacional no Brasil. Na sua trajetória profissional, em empresas como Tiffany e Pandora, foi reconhecida pela gestão humanizada, o que lhe rendeu cinco prêmios Great Place to Work de liderança.

E Cleusa Maria, uma confeiteira que começou a vida ajudando o seu pai no interior do Paraná. Ao se mudar para São Paulo, começou a preparar seus doces para ganhar uma renda extra em casa. Ao desenvolver o amor pelo ofício, ela começou um empreendimento que cativava a clientela de sua região. Pouco a pouco, o negócio foi crescendo e hoje, a Sodiê Doces conta com mais de 340 lojas espalhadas por todo o Brasil.

Tendo em vista tais fatos, é importante que essa barreira social seja quebrada dia a dia por essas mulheres que se sentem lesadas e/ou feridas nessa realidade, com o objetivo de ampliar a voz feminina no mercado de trabalho, e assim, diminuindo cada vez mais essas injustiças observadas no ambiente empreendedor.

Texto escrito por Letícia Pioto, com colaboração de Pedro Meneleu, estagiários do Escritório de Gestão, Empreendedorismo e Sustentabilidade (EGES).