Jovens mulheres empreendedoras investem em seus próprios negócios e inspiram as novas gerações

Dados apontam: cerca de 9,3 milhões de mulheres comandam empresas no Brasil atualmente, representando 34% de todos os donos de negócios. Os números são do último levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo IBGE

O País ocupa a 7ª posição entre as nações com o maior número de mulheres empreendedoras, segundo relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que analisou 49 nações.

Mas afinal, como o empreendedorismo tem ajudado a consolidar o espaço feminino na economia? 

Competência que transforma 

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), negócios que possuem mulheres em postos de liderança têm melhor desempenho. 

O estudo “Mulheres na gestão empresarial: argumentos para uma mudança”, que ouviu mais de 13 mil empresas em mais de 70 países, mostra que as instituições que passaram a ser lideradas por mulheres tiveram aumento nos lucros, mais habilidade para prospectar e manter talentos, desenvolveram melhor a criatividade e a inovação e também a evolução em relação à reputação das empresas. 

Como empreendedoras, as mulheres tiram os sonhos do papel e transformam em realização. Esse lugar de protagonismo vem sendo conquistado desde o século XVIII, quando os movimentos femininos se fortaleceram com apoio do Iluminismo e da Revolução Francesa. Desde então, as garantias jurídicas possibilitam que as mulheres possam exercer sua autonomia financeira.  

Desafios e aprendizado 

“No meio do caminho, já enfrentamos algumas dificuldades por sermos jovens mulheres, e por aparentarmos não ter muita experiência. Já sofremos com isso, principalmente em relação a fornecedores, mas tudo tem virado aprendizado para as próximas oportunidades”. A fala da jovem empresária Gabriela Brasileiro, 25 anos, demonstra alguns dos desafios que as mulheres ainda precisam driblar no mundo dos negócios. 

O preconceito, o machismo e questões como a “dupla jornada”, que obriga a conciliar a rotina de atividades domésticas e o trabalho, dificultam a inserção no mundo do empreendedorismo. Muitas vezes a inteligência e a capacidade são postas à prova por quem questiona antigos “papéis sociais”. Entretanto, a resiliência feminina tem dado a volta por cima no enfrentamento a esses embates. 

Recém-formadas em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Fortaleza (Unifor), instituição da Fundação Edson Queiroz, as amigas Gabriela Brasileiro, Joyce de Deus, Lara Castro Alves e Mayara Cunha fundaram a Coopera! Arte, um e-commerce de papelaria que celebra três anos de êxito. 

“O desejo de empreender no universo da papelaria surgiu de maneira até despretensiosa. Fomos empreender primeiramente no meio da Arquitetura, e como forma de prospectar clientes e conseguir juntar uma renda extra para montar nosso escritório, decidimos criar e vender planners. Em pouco tempo, percebemos muito potencial nesse projeto paralelo e respostas muito positivas dos clientes, então, por que não apostar com fichas maiores, né?”, afirma Gabriela Brasileiro. 

Com essa ousadia, a ideia de montar uma empresa teve seu nascedouro ainda durante a graduação das sócias, por meio do apoio de professores que se tornaram clientes e do embasamento oferecido pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor na área de Design Gráfico. 

“O curso nos ensinou a resolver problemas de forma criativa e é esta bagagem que levamos em nosso dia a dia. Acreditamos que há muito potencial e vantagens em ter quatro mulheres comandando um e-commerce. Somos criativas, empáticas e sempre com o desejo de ajudar e ter mais e mais mulheres caminhando juntas conosco!”, destaca Gabriela. 

Como estratégia para fortalecer o empreendedorismo feminino, o e-commerce busca parcerias com empresas locais comandadas por mulheres. “Queremos enaltecer o trabalho feminino, e claro, apoiar umas as outras, trocar ideias e crescer juntas! Acreditamos que só assim estaremos contribuindo para um mercado de trabalho melhor, mais igualitário e solidário com outras mulheres”, enfatiza a arquiteta e empreendedora. 

Acreditar no potencial 

A experiência que virou negócio. O desejo da empresária Mariana Frota Montenegro, 37 anos, era ajudar a desmistificar o “receber em casa” e proporcionar leveza tanto para quem oferece o convite como para quem o recebe. 

À frente da marca Sensorial, a arquiteta e urbanista se divide entre os projetos de clientes assíduos e como decoradora de eventos pequenos mantendo a identidade da marca que preza pelos detalhes, pela simplicidade e pela sofisticação

“Nos cursos que oferecemos, eu e os alunos preparamos juntos toda a decoração da mesa e a comida para ao final desfrutar o momento. Os cursos são temáticos, preparamos o caderno com todos os detalhes que ensinamos. Os alunos também aprendem a fazer arranjos e preparar um mimo para os convidados. O nome Sensorial surgiu a partir dessa ideia de despertar os sentidos por meio do simples”, explica Mariana. 

Para ela, a criatividade é a força-motriz de seu trabalho. A partir do Sensorial, outras ideias foram surgindo, como um tour pelo centro de Fortaleza no qual 10 pessoas são levadas para conhecer locais históricos, gastronômicos e lojas de decorações. Durante a pandemia, foram criadas também caixas sensoriais para o dia das mães, pais, namorados, aniversários e natal.

“Começamos a fazer press kits e lembranças para empresas e produção de vídeos promocionais. Criamos a linha Sensorial Sentir de aromatizadores, velas, incensos e banhos naturais. Fizemos parceria com vários artistas locais para produção de louças, guardanapos e demais utensílios para mesa”, comenta a empresária. 

Os desafios de sua profissão são ressignificados com naturalidade e disposição para continuar investindo no empreendedorismo. “Entendo que existem dificuldades naturais da sociedade em que vivemos e que, claro, precisamos combater, mas procuro ser firme aos meus ideais para seguir em frente com minhas convicções. Para empreender é preciso coragem e muita vontade, a luta é diária e nunca tem fim, mas se você acredita no que faz isso não é problema, é estímulo!”, garante.