null Amigos se emocionam com Doc sobre Gilmar de Carvalho na TV Unifor

Seg, 31 Maio 2021 20:25

Amigos se emocionam com Doc sobre Gilmar de Carvalho na TV Unifor

Produzida pela TV Unifor, a obra homenageia a vida e o trabalho do pesquisador cearense, comovendo espectadores em sua exibição. Confira os relatos de quem assistiu.


Em 2019, a Unifor lançou uma nova edição do livro “O Gerente Endoidou”, publicação de Gilmar de Carvalho, que também teve uma trajetória de destaque como publicitário (Foto: Ares Soares)
Em 2019, a Unifor lançou uma nova edição do livro “O Gerente Endoidou”, publicação de Gilmar de Carvalho, que também teve uma trajetória de destaque como publicitário (Foto: Ares Soares)

Conhecedor das manifestações culturais do seu povo, o professor e pesquisador Gilmar de Carvalho publicou mais de 50 livros e espalhou a admiração pelo saber popular entre os alunos. Gilmar faleceu aos 71 anos, em 17 de abril de 2021, vítima de complicações da Covid-19. Em sua homenagem, a TV Unifor da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, produziu um documentário sobre a vida e obra do acadêmico.

O filme foi exibido dia 22 de maio pela TV Unifor e está disponível gratuitamente no YouTube. Orientados pelo professor Glauber Paiva Filho, Larissa Estevam e Raul Felipe foram os responsáveis pelo roteiro, produção e direção do documentário. Ambos são alunos do curso de Cinema e Audiovisual e estagiários da TV Unifor.

Na obra, amigos, ex-alunos, mestres de ofício e artistas compartilham as experiências que tiveram com Gilmar, montando à várias mãos um “mosaico” audiovisual sobre o professor e o que ele representa para a sociedade cearense. Confira os relatos de quem se emocionou assistindo ao documentário, além das mensagens de admiração que deixam ao saudoso professor.

Lembranças para Gilmar, de:


“É sempre um prazer falar sobre quem a gente gosta, mesmo que seja nos momentos de despedida”, declara Adriano sobre sua participação no documentário. (Foto: acervo pessoal)

“Gilmar de Carvalho era um mestre no sentido mais amplo: aquele que, por ter domínio sobre vários saberes e fazeres, também tem arte para dividir o conhecimento e multiplicá-lo. Tenho certeza de que ele, onde está agora, gostou de se ver no filme porque o trabalho feito resultou em uma produção delicada, emotiva sem ser piegas, abrangente sem ser superficial. Discreta e viva, como era o próprio Gilmar. Estavam lá sua obra, os artistas, seu amor e companheiro, amigos queridos, colegas de trabalho e alunos saudosos que, como eu, se emocionaram ao lembrar do presente que foi ter cruzado o caminho de Gilmar, em algum momento da vida.

Um documentário bem produzido e bem editado – principalmente quando se sabe que foi feito em um tempo muito curto – que ultrapassa a homenagem póstuma e se coloca como um documento histórico sobre um dos maiores nomes da cultura cearense.”

Adriano De Lavor, jornalista e doutor em Comunicação e Saúde (ICICT/Fiocruz).


Angélica junto ao seu “bilhete premiado da Mega Sena", como se refere à sua monografia de graduação que foi orientada por Gilmar. (Foto: acervo pessoal)

“Considero-me pupila do professor Gilmar de Carvalho. Ele foi meu orientador de monografia e, a partir deste momento, se transformou em mentor, terapeuta, pai, conselheiro, amigo e um sem fim de coisas mais. Gilmar era gênio [...]. A mente dele já funcionava como internet, com milhares de conexões por minuto, enquanto nós ainda usávamos a máquina de escrever. Ele nasceu para revolucionar, sem dúvida alguma. Deixou um legado intelectual imenso e, com a humildade de um bom semeador, deixou uma marca afetiva em todos nós. Ele não só cruzava o nosso caminho, ele construía a estrada junto com você. Como um bom Carvalho, ele vai viver pelo menos mil anos de mais.

Foi uma prazerosa surpresa ver como o documentário tinha a cara do Gilmar de Carvalho. [...] Chorei, me emocionei, e já vi umas quatro vezes mais. Sempre que eu necessite inspiração, vou rever. Tudo está editado com muita sensibilidade, a música, as imagens, os silêncios. Um documentário cheio de sutilezas e carinho como ele bem merece.”

Angélica Ramos, jornalista.


Cristiane participou do documentário ao compartilhar seus relatos sobre o professor Gilmar. (Foto: Oliver Kornblihtt/Mídia Ninja)

"Minha ligação com o Gilmar é algo que saltou do cotidiano da vida acadêmica, nos idos anos 2000, para o desvendamento de um Gilmar multifacetado e dedicado especialmente às vivências das manifestações populares pelo interior do Ceará. Tive a oportunidade de viajar com ele algumas vezes e disso surgiu uma afetuosa amizade. Daí a emoção que me inundou ao assistir ao documentário, cujo enredo reforça o meu entendimento sobre o quanto esse nosso mestre era invulgar e necessário aos universos da comunicação e da cultura.

Nós não somos nada sem as gerações que nos antecederam e o Gilmar é, sem dúvida, um dos mais nobres destaques do acervo de riquezas que o mundo da comunicação tem a honra de ostentar. Sorte nossa que temos a linguagem do cinema e também o empenho de equipes como a da Unifor para nos ajudarem a registrar um pouco disso! Ter um documentário dessa natureza à disposição das próximas gerações é poder revisitar o passado na certeza de que o futuro irá resguardar a infinitude do nosso querido Gilmar de Carvalho."

Cristiane Sampaio, 35 anos, jornalista


Dodora conheceu Gilmar em 1974, quando ele já era jornalista e ela era uma estudante que começava a mergulhar na Publicidade dentro da agência Scala. (Foto: Ares Soares)

“Encantei-me com a inteligência e brilho do novo amigo, à época envolvido com a dramaturgia, com a literatura, e com tudo que dizia respeito às coisas do espírito ‒ de escrita culta e refinada. Numa tarde, perguntei-lhe: ‘o que você acha de ir trabalhar na Scala?’. Antes que ele me confirmasse, propus a minha ideia ao Barroso Damasceno. Deu certo. [...] A sua vasta cultura aliada à sua inquietude criativa contribuíram para o campo fértil da publicidade cearense. Cultivávamos na Scala a busca pela cearensidade, como me fez lembrar o Braz Henrique Theophilo, nosso luzeiro da agência do Barrinha, em dupla imbatível com o Maurício Silva.

Gil trabalhou em outras agências, escreveu livros até entrar na Universidade Federal do Ceará para exercer sua prodigiosa carreira de professor. O pesquisador nasceu com ele e aprimorou-se ao longo da vida no exercício das atividades que abraçou, sempre com maestria, com humanidade. Esta é a sua marca maior.

Foi muito comovente assistir ao documentário feito pela TV Unifor como homenagem póstuma. Os depoimentos espontâneos de amigos, ex-alunos, mestres de ofícios, artistas, de tanta gente, de diferentes gerações, de diferentes áreas ‒ isso foi tão esclarecedor do grande ser humano que ganhamos no convívio e que brutalmente perdemos… Obrigada, Gilmar de Carvalho.”

Dodora Guimarães, presidente do Instituto Sérvulo Esmeraldo.


Jackson publicou uma carta de despedida e um mixtape em homenagem ao professor Gilmar. (Foto: Igor De Melo)

“Eu adorei ter sido convidado para fazer parte do documentário por estar ao lado de tantos nomes influentes da cultura e também pela qualidade da obra, que conseguiu dar conta da importância do mestre Gilmar de Carvalho para a cultura brasileira. Ainda que para abarcar toda a complexidade e potência de sua obra, seria necessária uma série.

Gilmar foi meu orientador da disciplina de Projeto Experimental no curso de Comunicação Social na Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele me apresentou todo o universo da xilogravura, sua importância como veículo de comunicação e me incentivou a um mergulho profundo na obra de Abraão Batista. Gilmar é meu grande mestre, o primeiro professor da faculdade que acreditou no meu talento e na minha capacidade de comunicação. Faz parte da minha vida acadêmica e de toda a vida profissional que desenvolvi depois de formado.”

Jackson Araujo, comunicólogo ativista da racionalização criativa para a sustentabilidade e diretor criativo do festival Trama Afetiva.