null Entrevista Nota 10: Isabelle Bedê e o encontro entre Jornalismo e Mídias Digitais

Seg, 29 Novembro 2021 10:24

Entrevista Nota 10: Isabelle Bedê e o encontro entre Jornalismo e Mídias Digitais

Egressa do curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza destaca a importância da transformação digital aliada ao empreendedorismo 


Isabelle Bedê tem mestrado em Media Business pela Macromedia University (Foto: Acervo pessoal)
Isabelle Bedê tem mestrado em Media Business pela Macromedia University (Foto: Acervo pessoal)

A criatividade que transforma. Para a jornalista Isabelle Bedê, graduada pela Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, as possibilidades do mundo digital permitem experimentar novas formas de comunicar aos mais diversos públicos. 

Morando em Berlim (Alemanha) desde 2018, Isabelle tem mestrado em Media Business pela Macromedia University, onde estudou o uso de memes no Jornalismo. Atualmente, trabalha como Gerente Sênior de Marketing de Redes Sociais na HappyGang, parte da agência de marketing digital alemã Cormes Gmbh, pensando e criando conteúdo viral para as redes sociais, incluindo memes. Em paralelo, desenvolveu os Lábios Livres, um ecossistema de conteúdos sobre erotismo e empoderamento feminino, cuja página já celebra mais de 28 mil seguidores

Com exclusividade ao Entrevista Nota 10, a jornalista fala sobre a frutífera relação entre Jornalismo e Mídias Digitais e destaca também os desafios do empreendedorismo criativo. Leia na íntegra: 

Entrevista Nota 10 - Isabelle, de onde surgiu o interesse pelo Jornalismo? 

Isabelle Bedê - O interesse surgiu da minha paixão por música e revistas quando eu era criança e adolescente. O jornalismo representava a possibilidade de eu me envolver com os dois, e foi isso que eu fiz. Acabou me trazendo outras paixões - contar histórias, conhecer pessoas e, trabalhar novos modos de comunicar e, por fim, a criação de conteúdo para as redes sociais (que eu amo!). 

Entrevista Nota 10 - E como você avalia sua trajetória acadêmica? O que o curso de Jornalismo da Unifor possibilitou? 

Isabelle Bedê - A minha vivência e experiência na Unifor foi incrível. Eu sempre fui uma aluna dedicada, então tentei aproveitar o máximo possível do que o curso oferecia - passei pelo Labjor, pela TV, fui monitora, fiz intercâmbio acadêmico (para Berlim, inclusive. E também foi quando eu conheci o Luca, meu parceiro nos Lábios Livres!) e até trabalhei no Espaço Cultural. O curso de Jornalismo te treina eficientemente para comunicar bem em formatos diferentes e para pessoas diferentes. O professor Eduardo Freire, por exemplo, sempre trazia o que havia de mais atual na indústria digital, o que foi essencial para a minha carreira no marketing digital e nas redes sociais - ele foi, inclusive, meu orientador no TCC, que fiz sobre o uso de redes sociais no jornalismo independente. Eu não teria feito um curso diferente. Eu acredito que os jornalistas são as pessoas mais preparadas para entregar um conteúdo de marketing ou redes sociais de qualidade. 

Entrevista Nota 10 - Você fez mestrado em Negócios em Mídias Sociais em Berlim, onde mora atualmente. Por que escolheu essa área de estudo?

Isabelle Bedê - Desde o começo do meu curso de jornalismo, eu sempre estive mais interessada na parte digital. Eu cresci numa fase muito empolgante, que é quando tudo estava começando - celulares, internet, redes sociais. Eu achava incrível a informação nas redes, por isso comecei a trabalhar com isso e escrevi meu TCC sobre isso. Quando me formei e comecei a trabalhar com isso profissionalmente, achei que negócios de mídias digitais era o caminho mais óbvio pra mim. E foi maravilhoso! 

Entrevista Nota 10 - E de que forma a experiência de viver no exterior tem agregado ao âmbito profissional?

Isabelle Bedê - Eu acho que existem duas coisas muito importantes que agregam no profissional quando você vive no exterior: primeiro, é a capacidade de adaptação e comunicação com pessoas de bagagens e culturas totalmente diferentes. Você consegue, depois disso, ler e lidar com pessoas muito melhor. A segunda é que trabalhar em outra língua que não a sua língua nativa (no meu caso, trabalho principalmente em inglês e às vezes em alemão) é bem desafiador e atiça a criatividade. 

Entrevista Nota 10 - Você trabalhou em uma startup alemã ligada à Kodak como gestora de mídias digitais, mas paralelamente desenvolveu os Lábios Livres, um ecossistema de notícias sobre erotismo feminino. Como surgiu a ideia de iniciar esse projeto e qual o objetivo?

Isabelle Bedê - Eu trabalhava na KODAKOne, atualmente, estou na HappyGang, que faz parte da agência digital Cormes Gmbh. A ideia de criar os Lábios Livres surgiu em meio à pandemia e lockdown, em novembro de 2020. Um grande amigo que é atualmente meu parceiro no Lábios Livres, o Luca, me trouxe vários dados sobre como esse tem sido um assunto muito pesquisado online e que era uma tendência. Começamos a conversar bastante sobre isso e decidimos criar a página, a princípio sem muitas expectativas. Quando a página começou, além de ver que existe muita demanda sobre sexualidade feminina, foi crescendo cada vez mais em mim a urgência desse assunto, visto que empoderamento feminino foi sempre uma das causas que eu mais apoio.  

Hoje a página tem 28k seguidores e um público bem fiel. O nosso objetivo é educar e democratizar a conversa sobre sexualidade feminina, de uma maneira que qualquer mulher brasileira, em qualquer lugar do mundo, consiga ler, se informar e, por que não, se inspirar com o nosso conteúdo. Queremos ser uma das principais comunidades e plataformas de mídia acerca desse tópico. 

Entrevista Nota 10 - E a aceitação do público tem sido positiva? 

Isabelle Bedê - Super! Por conta do assunto ser muito tabu no Brasil, no começo fiquei um pouco preocupada de como seria recebido. Mas quanto mais fazemos, mais vemos a necessidade desse assunto e também a tamanha aceitação que recebemos. É maravilhoso ouvir e dar voz a outras mulheres. 

Entrevista Nota 10 - Quais são os desafios ao empreender de forma criativa e inovadora, na sua visão? 

Isabelle Bedê - Acho que os principais desafios são os mesmos para muitas pessoas - tempo e recursos. Para inovar, é preciso ter tempo para pensar criativamente, refletir e, o mais importante, botar em prática. Mas se tem algo que aprendi com os Lábios Livres, é o seguinte: se você tiver uma ideia, FAÇA acontecer - não espere estar perfeito, nunca vai estar. Você aperfeiçoa com o tempo. E aí vem o segundo desafio: depois que a coisa anda, você precisa de recursos para continuar crescendo. Inovar é um risco e é preciso ter coragem e responsabilidade para tomar esses riscos. 

Entrevista Nota 10 - Para o futuro, quais são os planos? Pensa em expandir ainda mais os Lábios Livres? 

Isabelle Bedê - Sim, temos muitos planos para expandir os Lábios Livres, especialmente em outros formatos de conteúdo - podcasts, vídeos, e-books, newsletter. Também queremos expandir o time e dar voz para cada vez mais mulheres, inclusive e especialmente minorias. Tem muita coisa para acontecer e eu estou muito empolgada quanto a isso!