null Escola de Cinema de Vancouver lança bolsas de estudos em memória de Luanna Gondim Freire

Seg, 20 Junho 2022 08:57

Escola de Cinema de Vancouver lança bolsas de estudos em memória de Luanna Gondim Freire

Serão três vagas destinadas aos estudantes latino-americanos de cinema. Uma homenagem da Vancouver Film School à sua ex-aluna, egressa do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor. 


Luanna Gondim Freire foi aluna de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza. Em agosto de 2021, ela realizou seu maior sonho: estudar Cinema em Vancouver, no Canadá (Foto: Arquivo Pessoal)
Luanna Gondim Freire foi aluna de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza. Em agosto de 2021, ela realizou seu maior sonho: estudar Cinema em Vancouver, no Canadá (Foto: Arquivo Pessoal)

Em homenagem à memória de Luanna Gondim Freire, a Vancouver Film School (VFS) – Escola de Cinema de Vancouver –,  referência mundial no estudo da sétima arte, está oferecendo bolsas de estudo para estudantes latino-americanos interessados ​​em se matricular no programa de Produção Cinematográfica da instituição. O anúncio veio próximo à data de aniversário de Luanna, que seria neste domingo, 19 de junho. Ao todo, serão três bolsas destinadas ao estudo do entretenimento, produção, direção, cinematografia, design de produção, pós-produção e muito mais. 

Filha de Márcia Gondim Freire e Edson Nunes Freire, Luanna nasceu “feita” para as câmeras. Desde criança, acompanhava a tia e mentora Rosinha Gondim, produtora audiovisual, nos sets de gravação. O resultado foi um amor instantâneo pelo audiovisual. “Luanna gostava de desenhar, pintar, cantar, tocar e, principalmente, de fotografar, influenciada pelo pai [fotógrafo] e pela tia [Rosinha]”, conta a mãe. Coube à Márcia dar os exemplos de foco e determinação, que marcariam a personalidade de Luanna, além de apresentar a filha ao ramo das mídias sociais, onde atuaria anos mais tarde. 

Irreverente, Luanna chamava atenção na escola, no condomínio, na turma de amigos, e era sempre o centro das atenções pela sua alegria e carisma, além de envolver a todos em suas ideias e projetos. Na infância, participou de peças, festivais de música e até fez pontas como modelo infantil - já demonstrando querer atuar com cinema e comunicação. “Um verdadeiro furacão de talento e sensibilidade”, frisa Rosinha.

Tudo isso a levou, anos mais tarde, em agosto de 2021, a viajar para o Canadá, onde iniciou os estudos em Produção Cinematográfica na VFS. Lá chegando, realizou dois meses de um sonho intenso e breve. 

“Luanna era gregária, brilhante e talentosa. Seu falecimento teve, e continua a ter, um impacto significativo na comunidade VFS, especialmente naqueles que a conheceram”, disse James Griffin, presidente da Vancouver Film School, em comunicado divulgado à época. 

Semente de um sonho maior 

Dita pelos familiares, amigos e colegas de profissão como alguém de uma liderança nata e muito humilde, além de guerreira, única, focada e sonhadora; Luanna, mesmo sem prever, abriu as portas de uma das maiores instituições do mundo para outros apaixonados pelo cinema. Feito que é motivo de muito orgulho e admiração, conforme ressalta Rosinha.


Rosinha Gondim, tia de Luanna, foi sua grande mentora na área do audiovisual. Durante anos, elas dividiam trocas profissionais entre risadas e aprendizado mútuo (Foto: Arquivo Pessoal)

“É de uma emoção imensa! Essa homenagem linda [da Escola de Cinema], além de me emocionar muito, me dá o conforto de que ela não só conseguiu realizar seu sonho, como abriu caminhos para outras pessoas. Hoje, tenho certeza de que ela é uma linda árvore e que suas sementes serão espalhadas para muitos futuros  profissionais”, diz. 

Para Gio Queiroz, melhor amigo e parceiro de graduação, ela era uma pessoa agregadora, cujo objetivo também era abrir portas para outras: “Ela queria chegar lá e, não só atingir seus objetivos profissionais, mas também ocupar novos espaços e reinventá-los para que, no futuro, se tornassem mais acessíveis, menos distantes para outras pessoas que chegassem depois dela. Vejo nessa homenagem a possibilidade de dar continuidade a esse sonho e vê-lo se concretizando”. 

Trajetória profissional 

Egressa do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza, instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz, Luanna iniciou a carreira no mundo das artes antes mesmo de entrar na Unifor, conforme lembra Gio Queiroz. Na infância, eles se reuniam para criar músicas – paródias e autorais –, editar videoclipes, escrever histórias e produzir desenhos para jogos on-line. 

“Foi Luanna quem me convenceu a editar um vídeo pela primeira vez na vida. Sentou comigo diante do computador e ‘fuçou’ o Sony Vegas e o Adobe Premiere Pro até conseguirmos o que queríamos. Em uma dessas brincadeiras, fizemos uma redublagem do trailer do filme ‘Lua Nova’ e subimos no YouTube. O vídeo ‘viralizou’ (de maneira proporcional à época) e nos surpreendemos muito. Vimos o potencial que tínhamos na área”, relembra ele. 


Natália, Gio, Sávio e Luanna (Foto: Arquivo pessoal)

Ainda durante a graduação, Luanna foi contratada em 2014 como estagiária de Mídias Sociais no Sistema Verdes Mares (SVM), onde atuou por oito anos. De acordo com sua mãe, desde o primeiro salário do SVM, a jovem já poupava dinheiro com foco em estudar no exterior. “Foram oito anos de muito foco, determinação, cálculos na agenda e amor pelo que fazia”, relembra Márcia.

Em paralelo à carreira em ascensão, foram vários “jobs” em captação, produção e direção de imagens e vídeos sobre turismo e educação para clientes de destaque, como o Governo do Estado e a Secretaria de Turismo. “Minha filha foi se descobrindo, se auto conhecendo e, cada vez mais, influenciando amigos a terem um objetivo de vida, se dedicarem e acreditarem nos próprios sonhos”.    

Reconhecimento

O trabalho desenvolvido no SVM é lembrado com admiração e carinho por Fábio Ambrosio, diretor de Programação do Sistema Verdes Mares. “Ela era o tipo de pessoa que gostava de aprender e estava sempre disposta a colaborar com todos”, conta ele. Luanna contribuiu em diversas atividades, desde produção, direção de cena, direção de eventos, “externas”, gravações, “chamadas” e “promos”.


Luanna Gondim Freire ganhou, com a equipe do SVM, o Prêmio Globo de Programação  (Foto: Arquivo pessoal) 

“Ela participou ativamente de todos os projetos que ganhamos no Prêmio Globo de Programação; são cinco até hoje e inúmeros como finalistas. Luanna pensava, roteirizava, filmava, editava e entregava produtos de extrema qualidade”, frisa o diretor. Para ele, Luanna será sempre lembrada com carinho por todos que a conheceram.

“Ela era jovem, cheia de sonhos e se diferenciava dos demais pela vontade de entregar sempre um trabalho bem feito. Chamava a responsabilidade para si e fazia projetos incríveis. No último prêmio Globo de Programação, vencido pela TV Verdes Mares, fiz uma merecida homenagem para Luanna, afinal, o prêmio foi dela também”, conclui.

Memórias 

A jornalista Ana Carolina Coutinho conheceu Luanna Gondim quando trabalhavam juntas no SVM. Ao todo, foram dois anos de trocas profissionais e uma bela amizade. “Eu era estagiária do setor de Programação e ela era produtora. De cara, nos demos muito bem, porque ela sempre estava disposta a me ensinar tudo o que sabia”, revela Carolina sobre o dia a dia no trabalho. De acordo com ela, Luanna era elétrica, criativa, dedicada e focada em suas entregas no trabalho.


Weesclay Ferreira, Walter Santos, Bráulio Bessa, Carolina Coutinho, Luanna Gondim e Júnior Castro (Foto: Arquivo pessoal)

“Ela nunca perdia uma oportunidade de aprender e desenvolver algo novo. Praticamente ‘tirava leite de pedra’, entregava além do esperado e ainda encontrava tempo para ensinar os estagiários a fazerem de tudo um pouco. Para mim, ela era a personificação do que todo grande profissional deveria ser. Vivemos muitas histórias legais, mas, sem dúvidas, o momento mais legal de todos foi o aniversário em que ela alugou uma ‘carreta furacão’ para andar pela cidade com todos os amigos fantasiados. Isso era muito a cara da Luanna”, relembra a jornalista.