null Espaço Cultural Unifor leva você a passeio virtual pela exposição “50 Duetos”  

Qua, 31 Março 2021 17:00

Espaço Cultural Unifor leva você a passeio virtual pela exposição “50 Duetos”  

Enquanto não é possível a visita presencial, o público é desafiado a propor outras duplas e a imaginar mais caminhos para as obras de arte do acervo da Fundação Edson Queiroz.


A mostra, cuja abertura marca os 50 anos da FEQ, possibilita o acesso às obras e aos comentários da curadora Denise Mattar em vídeo. (Foto: Ares Soares)
A mostra, cuja abertura marca os 50 anos da FEQ, possibilita o acesso às obras e aos comentários da curadora Denise Mattar em vídeo. (Foto: Ares Soares)

A mostra “50 Duetos” é um caminhar por mais de 100 obras do acervo da Fundação Edson Queiroz (FEQ) com novas possibilidades de interação e de interpretação para os pares de artistas que foram conectados inicialmente pela curadora Denise Mattar. Como disse o poeta maranhense Ferreira Gullar, “a arte existe porque a vida não basta”. Nesse momento tão desafiador para a humanidade, o público  pode fazer um passeio virtual pelas salas do Espaço Cultural Unifor. A mostra, cuja abertura marca os 50 anos da FEQ, possibilita o acesso às obras e aos comentários da curadora em vídeo

Além da apreciação artística, os visitantes podem conhecer mais sobre arte e são convidados a estabelecer novos pares utilizando a hashtag #meudueto, que podem ser compartilhando pelas redes sociais. Conjugar o verbo adaptar é uma necessidade que vale também para os apreciadores da arte. Enquanto não se pode visitar presencialmente a exposição, os espectadores são desafiados a propor outras duplas e imaginar mais caminhos para as obras de arte.

Uma das composições originais é sobre a construção do imaginário cearense, as jangadas de “Secando a Vela” (1926) do óleo sobre tela de Vicente Leite são atualizadas na série “Mucuripe” (1952-2011), do fotógrafo Chico Albuquerque, ambos do Ceará. As conexões foram estabelecidas por paralelismos visuais, afinidades temáticas e eletivas - ou até mesmo por suas oposições, como esclarece a curadora. 

“Estamos abrindo janelas para vários caminhos diferentes e a pessoa poderá acessar tudo isso por meio de seu celular. A mostra ‘50 Duetos’ tem uma dinâmica diferente, uma proposta mais contemporânea tirando um pouco o museu daquele lugar no qual você vai e entra respeitosamente. Você entra em um lugar onde muitas coisas te são propostas”, avalia Denise Mattar.

Artistas do Ceará


 

A mostra é um passeio de cores, formas e temas que traz diversos artistas cearenses também compõem a exposição que traz um dueto em têmpera sobre tela, formado pelas obras de José Guedes, que participa com “Fenda” (2019), e Alfredo Volpi (sem título, circa 1962), ambas com marcantes tons de azul. A mesma cor também predomina na infogravura Acqua XLVII (2013), de Sérgio Helle, ao lado do óleo sobre tela “Ambiente Virtual I (2001)”, da série “Saunas e Banhos”, de Adriana Varejão. Guedes e Helle são referências nas artes plásticas no Ceará. 

A artista cearense Heloysa Juaçaba compõe um dueto monocromático com Sérgio Camargo. Obras completamente brancas cujos relevos e texturas capturam o olhar. O cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017) está em dois duetos. Ao lado do argentino Carmelo Arden Quin, mostrando a geometria que permeia a obra de ambos, e com Abraham Palatnik, pioneiro da arte cinética,  também desenvolvida por Esmeraldo. A arte cinética busca romper com a condição estática da pintura e da escultura. 

Fundação Edson Queiroz


Instituição genuinamente cearense, a Fundação Edson Queiroz se orgulha por promover há décadas o desenvolvimento social, educacional e cultural do Estado e da região Nordeste. Criada em 26 de março de 1971, a Fundação foi uma das formas encontradas pelo industrial Edson Queiroz de retribuir, em forma de responsabilidade social, tudo o que a sua terra já lhe concedera. O maior entre os projetos sociais encampados pela Fundação se materializou na Universidade de Fortaleza, a Unifor.

Inaugurado em 1988, o Espaço Cultural Unifor é um dos mais importantes instrumentos de disseminação da arte no Brasil. Por meio do acesso gratuito às exposições, promove renovação e democratização do conhecimento das identidades artísticas, históricas e culturais do país. O espaço já abrigou mostras exclusivas, nacionais e internacionais, como Rembrandt, Candido Portinari, Miró, Beatriz Milhazes, Antonio Bandeira, Vik Muniz e Burle Marx.

 

Denise Mattar é a curadora das mostras “50 Duetos” e “Da Terra Brasilis à Aldeia Global”, realizadas no Espaço Cultural Unifor


 

 
Poderia fazer um paralelo de “50 Duetos” com “Da Terra Brasilis à Aldeia Global” (que esteve em cartaz até 7 de fevereiro)? Qual a importância do Espaço Cultural Unifor e do acervo da Fundação Edson Queiroz para a cena cultural cearense e brasileira?

A proposta da exposição “50 Duetos”, comemorativa dos 50 anos da Fundação Edson Queiroz, é tomar um partido inteiramente diverso daquele proposto para a mostra Terra Brasilis. Se aquela tinha um objetivo didático, contextualizando cada período histórico e mostrando que através da coleção da Fundação é possível contar a história da arte no Brasil, a mostra “50 duetos” tem como objetivo abrir caminho para novos raciocínios e instigar o público à reflexão.
Quando realizei a exposição da “Terra Brasilis à Aldeia Global”, a minha ideia principal era mostrar a abrangência da coleção. Contar que era possível contar uma história da arte a partir do Brasil, a partir dessa coleção.


Em 50 Duetos, o número, alusivo à efeméride, permitirá a apresentação de um pouco mais de 100 obras, número conveniente para a ocupação dos espaços do segundo andar, incluí também fotografias e obras de artistas estrangeiros, que não estavam presentes em Terra Brasilis.
A minha ideia é, na verdade, estabelecer conexões entre as obras da coleção. E é maravilhoso, porque a coleção tem tantas obras que permite estabelecer conexões das mais variadas. As conexões poderão ser estabelecidas por paralelismos visuais, afinidades temáticas e eletivas - ou mesmo suas oposições. Assim, estarão lado a lado obras de diferentes artistas, períodos e técnicas, revelando a essência da criação e mostrando ao público questões subjacentes aos temas, de diferentes ordens: técnicas, construtivas, inerentes à personalidade dos artistas, observações atuais, comportamentais etc.

Da mesma forma (como em “Da Terra Brasilis à Aldeia Global”) também vamos contar uma história da arte no Brasil. Só que, em vez de contar de forma cronológica, mostraremos uma história do pensamento da arte, o que é interessante e muito novo. Então, na verdade, essa minha proposta curatorial, tem muito a ver com os tempos de hoje, com o mundo atual onde as coisas vão se conectando de formas diferentes, onde as pessoas têm necessidade de uma visualização mais rápida.
É uma mostra onde você vai vendo essas duplas de artistas e as possíveis conexões. Porque, na verdade, a gente também vai propor que o público possa fazer as suas próprias conexões. Que possa, inclusive, juntar as obras de forma diferente e mandar essas sugestões.