null Projeto para Pessoas com Deficiência na Unifor já formou atletas paralímpicos e não parou de atender pacientes mesmo na pandemia

Sex, 30 Julho 2021 10:50

Projeto para Pessoas com Deficiência na Unifor já formou atletas paralímpicos e não parou de atender pacientes mesmo na pandemia

Coordenada pelo professor Vicente Matias, a atividade congrega alunos e profissionais de cursos como Educação Física, Medicina e Fisioterapia.


Corridinha da Saúde Unifor: evento ajuda crianças portadoras de deficiência física na integração com o esporte de uma forma divertida e segura. (Foto: Ares Soares/2018)
Corridinha da Saúde Unifor: evento ajuda crianças portadoras de deficiência física na integração com o esporte de uma forma divertida e segura. (Foto: Ares Soares/2018)

Quando os debates sobre inclusão e acessibilidade ainda não eram fortemente inseridos nas discussões sociais, a Universidade de Fortaleza (Unifor) já encarava o tema com a seriedade necessária e passou a abrigar um projeto que mudou a vida de centenas de Pessoas com Deficiência, desenvolveu profissionais mais capacitados e formou até atletas paralímpicos.

Coordenado há 23 anos pelo professor Vicente Matias Cristino, o projeto Atividade Física para Pessoas com Deficiência funciona dentro do Núcleo de Atenção Médica Integrada (NAMI) e não parou de atender pacientes mesmo na pandemia.

“As Pessoas com Deficiência são seres humanos como qualquer um de nós, e podem estar no mesmo espaço como qualquer pessoa. Queremos trabalhar essas pessoas para retornarem ao convívio familiar e social. Nosso atendimento é direcionado para o ser humano”, define o professor Vicente Matias, hoje à frente do projeto e responsável pela disciplina de Atividades Físicas Adaptadas no curso de Educação Física da Unifor - instituição da Fundação Edson Queiroz.

Com uma vida inteira dedicada às Pessoas com Deficiência, Vicente fortaleceu essa atuação na Universidade ao lado da professora Clênia Régia, que iniciou o Projeto junto com ele. Hoje, a iniciativa soma centenas de atendimentos e acontece às terças e quintas-feiras, recebendo cerca de dez pessoas por dia - número reduzido devido à pandemia de Covid-19. As atividades envolvem alunos e professores dos cursos de Educação Física, Medicina e Fisioterapia.


O professor Vicente Matias Cristino atua há mais de 23 anos em habilitação e reabilitação de Pessoas com Deficiência (Foto: Ares Soares/Arquivo)

Aprendizado estratégico

Em uma piscina adaptada, Vicente e os auxiliares de cada turno trabalham na habilitação e reabilitação de pessoas das mais diversas idades, classes sociais e zonas de Fortaleza e Região Metropolitana, encaminhadas a partir dos atendimentos realizados no NAMI. “A habilitação é direcionada para pessoas que nasceram com deficiência, como paralisia cerebral, Síndrome de Down. Já a reabilitação é para quem adquiriu a deficiência, como nos casos de AVC [Acidente Vascular Cerebral], por exemplo”, lista o professor.

Segundo ele, a estrutura e a equipe garantidas pela Unifor para a continuidade do projeto fazem dele uma iniciativa única no Estado, tanto na formação de profissionais como no atendimento à comunidade. “Existe uma carência muito grande de pessoas qualificadas nessa área da deficiência, e a Unifor dá todas as condições para quem deseja se dedicar a isso. A Universidade tanto forma acadêmicos com deficiência como prepara profissionais para atender essas pessoas”, destaca Vicente.

Histórias que marcam

Em mais de duas décadas de atendimento no NAMI, não faltam histórias de superação e relatos emocionantes sobre pessoas que tiveram a vida modificada a partir do projeto. “O Elione [Sousa], sofreu um acidente de moto em Aracati, perdeu uma perna e chegou aqui sem saber nadar. Ele entrou, aprendeu a nadar, se tornou atleta e ainda conclui a faculdade”, lembra Vicente, orgulhoso da trajetória do paratleta que, entre várias conquistas, ganhou o ouro no salto em distância no Open Loterias Caixa de Atletismo, em 2019.

O legado paralímpico do projeto Atividade Física para Pessoas com Deficiência da Unifor inclui ainda o nome de Carlos Alberto Maciel, ou simplesmente Beto, que teve um braço amputado e se tornou paratleta de natação, subindo em pódios como o do Open de Natação na Argentina, em 2011, com nada menos que duas medalhas de ouro.

E não são apenas as conquistas esportivas que são celebradas pelos envolvidos no projeto. “Tem um garotinho com a gente que se chama João. Ele começou a vir quando tinha 2 anos, e os médicos diziam que ele tinha pouco tempo de vida, por conta de uma deficiência múltipla rara, um dos poucos casos no Ceará. Hoje, ele está com 16 anos e está aprendendo a andar!”, comemora Vicente. “Trabalhamos para dar melhor qualidade de vida a essas pessoas”, finaliza o professor