Área de TI cria novo cenário para o mercado de trabalho

Em 2020, a pandemia da Covid-19 impulsionou o avanço, e até mesmo o surgimento, de inúmeras tecnologias ao redor do globo. Mesmo com os diversos obstáculos decorrentes do cenário epidemiológico, o ano foi um divisor de águas para a área de Tecnologia da Informação (TI) e demais setores relacionados. 

Essa expansão do mercado tecnológico é um reflexo do isolamento social e da consequente necessidade de digitalização de empresas das mais variadas categorias. Durante o período de quarentena, a busca por inovação e uma maior eficiência das operações dos negócios também aumentou, cooperando para o "boom" do setor de tecnologia.

"A pandemia levou as pessoas para dentro de suas casas, de uma forma brusca, onde tudo aquilo que elas tinham acesso antes passou a ter a necessidade deste mesmo acesso em casa. Com isso, todas as plataformas, como entretenimento, lazer, empresarial, e-commerce e etc, precisaram se adaptar e se multiplicar para atenderem a esta nova demanda", explica Andre Lunardi, coordenador do curso de Engenharia da Computação da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz. 

O crescimento do mercado de TI, e seus inúmeros campos de atuação, teve como resultado a alta na demanda por profissionais da área. A adoção de novas tecnologias, como plataformas, sistemas e softwares, fez com que a procura por esses especialistas aumentasse exponencialmente. De acordo com a GeekHunter, empresa de recrutamento sediada em Florianópolis (SC), o ano de 2020 contabilizou um crescimento de 310% no número de vagas abertas na área de tecnologia. 

O aumento na procura por especialistas da área já vinha sendo observado nos últimos anos, mas a transformação digital, acelerada pelos acontecimentos recentes, e o reposicionamento digital das empresas e negócios, expandiram a necessidade de profissionais habilitados. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), até 2024 estima-se que a demanda por profissionais de tecnologia chegue a 421 mil. 

Escassez de profissionais 

A procura por profissionais culminou em um aumento exponencial no número de vagas no setor, em empresas de pequeno, médio e grande porte, nacionais e internacionais. Porém, no Brasil, ainda que exista uma abundância de possibilidades, a área sofre com um déficit de pessoas formadas e capacitadas para atuar no setor, o que eleva o valor dos salários e faz com que os profissionais disponíveis sejam bastante disputados. 

Em busca de elaborar um panorama que explicasse a situação atual da área, a Brasscom também apurou que o maior país da América Latina forma, por ano, um total de 46 mil pessoas no Ensino Superior em cursos voltados para o campo da tecnologia. Porém, esse número não é o suficiente para atingir o que o mercado necessita. 

+ Estude na Universidade de Fortaleza; participe do processo seletivo

Ademais, a falta de mão de obra qualificada no setor de TI representa um desafio para as empresas brasileiras, especialmente quando grande parte dos jovens que estão saindo das universidades acabam por escolher trabalhar em multinacionais do exterior, pela possibilidade de home office e o retorno salarial em dólar, duas características que tornam essas empresas ainda mais atrativas.

"As empresas enxergam o Brasil como um mercado consumidor com grande potencial, logo, para desenvolver para este público, nada melhor do que pessoas da cultura onde o sistema será aplicado. Podemos citar sim a questão do pagamento em dólar e muitas vezes também em criptomoedas, uma ‘novidade’ motivacional para muitos profissionais que estão ingressando no mercado de trabalho", André Lunardi, coordenador do curso de Engenharia da Computação da Unifor.

Perfil tecnológico

Apesar do cenário de fartura no mercado de trabalho, não é qualquer um que preencherá a vaga. O profissional de TI tem um perfil específico, e precisa apresentar habilidades compatíveis com aquelas desejadas pela empresa, para que possa ter vantagem na hora de disputar um cargo. 

De acordo com Lunardi, atualmente, o que as empresas buscam em um candidato vai muito além de capacidade técnica. "Elas procuram também por habilidades comportamentais e atitudinais.  Isso é um dos diferencias do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da Unifor, onde os alunos têm as matrizes curriculares dos cursos baseadas em competências de vida, como cognição, comunicação, colaboração e cidadania. Hoje, não basta um aluno ser apenas nota 10 em tudo, ele precisa saber trabalhar em grupo e, principalmente, saber se comunicar", afirma o docente.

Para quem deseja se aventurar na área de tecnologia, é necessário estar em contínua atualização e sempre em busca de novas capacitações, já que as tecnologias evoluem em uma velocidade muitas vezes difícil de se acompanhar. Dessa forma, se o profissional não estiver atento, pode acabar ficando ultrapassado.

"A necessidade de se atualizar é constante. O aperfeiçoamento e evolução dos sistemas, e o surgimento de novas versões ou novas tecnologias já são práticas comuns para os profissionais da área de TI. A única forma de se manter atualizado é a capacitação constante", reconhece o coordenador.

Área em expansão

Como pode-se perceber, a área de Tecnologia da Informação passa por um momento de expansão, mas sofre com uma baixa adesão de possíveis profissionais. Para o professor Andre, a solução para aproximar as pessoas, especialmente os jovens, do campo tecnológico é oportunizar o ensino e a capacitação, seja nos níveis técnicos ou superiores. "É uma questão de investimento de longo prazo. Não existe uma saída imediatista", afirma.

Segundo ele, as dificuldades enfrentadas pela área hoje geram impactos em todas as dimensões e projeções do setor a curto, médio e longo prazo, "como a falta de incentivo à pesquisa e desenvolvimento, a burocratização de empreender, e principalmente, a falta de planejamento dos nossos alunos que estão escolhendo as áreas aqui discutidas como carreira profissional", finaliza Lunardi.

Engenharias, qual é a sua?

E-Book Engenharia Unifor

Engenharias, qual é a sua?