100 anos da descoberta da insulina: entenda sua importância no tratamento do diabetes

O diabetes mellitus, mais conhecido apenas como diabetes, é uma doença crônica caracterizada pela incapacidade do organismo em produzir (ou não produzir o suficiente) o hormônio insulina. Assim, o corpo não consegue converter em energia a glicose (açúcar) presente no sangue.

Há dois tipos de diabetes, seu tratamento é feito com a aplicação da insulina. Porém, ainda que esse hormônio seja fundamental para o controle da doença, nem todos os seus portadores o utilizam.

Em 2021, a descoberta da insulina completa 100 anos. Só no Brasil, cerca de 7 milhões de pessoas aplicam o hormônio diariamente. De acordo com Ana Paula Abreu, médica endocrinologista e professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz, a principal função da insulina é "controlar o metabolismo dos carboidratos no nosso corpo, ao permitir a entrada da glicose nas células para que seja transformada em energia". 

Como funciona

No corpo humano, o órgão responsável pela sua fabricação e secreção, e pelo controle de glicose no sangue, é o pâncreas. "Podemos usar uma analogia dizendo que a insulina é como se fosse uma ‘chave’ que se liga a ‘fechaduras’ existentes nas membranas das células, os receptores celulares de insulina, fazendo com que sejam abertas passagens para a entrada da glicose nas mesmas", explica a endocrinologista.
 
O hormônio é mais utilizado por indivíduos portadores da diabetes tipo 1, ou seja, por aqueles os quais o organismo não produz de forma alguma a insulina. Assim, esses indivíduos precisam de aplicações regulares do hormônio. Aqueles que são diagnosticados com o tipo 2 podem, em alguns casos, chegar a utilizar a insulina para alcançarem um maior controle, mas não necessariamente precisarão do uso contínuo do medicamento.

Tratamento

Abreu explica que a insulina - seja ela endógena, ou seja, aquela produzida pelo pâncreas, ou exógena, produzida artificialmente em laboratório - "é um dos pilares do tratamento da diabetes". No caso da insulina endógena, existem medicamentos para tratamento da diabetes capazes de aumentar sua produção e outros que ajudam a melhorar sua ação.

"Quando uma pessoa com diabetes entra na fase de diminuição importante da capacidade de secreção de insulina pelo pâncreas, a qual pode ser avaliada e detectada por critérios clínicos, é o momento de iniciar o tratamento com a insulina exógena", esclarece a endocrinologista.

A docente adverte que complicações agudas e crônicas podem surgir caso o paciente demore a iniciar o tratamento com o hormônio e que, dependendo do tipo de diabetes, a necessidade do uso da insulina exógena se dá desde o diagnóstico da doença.

Disponível no SUS

Atualmente, há vários tipos de insulina disponíveis para o tratamento da diabetes. A diferença entre cada uma delas está na quantidade de tempo que necessitam para agir e a duração do seu efeito. Para o paciente iniciar e realizar o tratamento, é necessário o diagnóstico e a indicação de um médico.

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente as insulinas humanas do tipo NPH e Regular para todos os indivíduos portadores de diabetes. A insulina do tipo NPH é associada a duas substâncias (protamina e zinco) que visam promover um efeito mais prolongado no organismo; já a do tipo Regular se caracteriza por ser idêntica, em sua estrutura, à produzida pelo organismo humano.  

"Esses medicamentos foram desenvolvidos nos últimos 20 anos, a partir de mudanças na estrutura molecular da insulina capazes de alterar características como o tempo para início ou duração de sua ação", afirma Ana Paula Abreu.

Segundo a endocrinologista, existe ainda, para os portadores de diabetes tipo 1, a disponibilidade dos análogos de insulina de ação longa e ultrarrápida. "Por serem medicamentos mais caros, para recebimento dos análogos de insulina os pacientes precisam ser atendidos em unidades do SUS e serem incluídos em programas específicos para disponibilização", explica.

O SUS também disponibiliza todos os insumos necessários para a aplicação da insulina, como seringas, agulhas e canetas.