Cães e gatos podem ter diabetes? Entenda como funciona a doença

A Diabetes Mellitus é uma doença comum entre humanos e que se caracteriza como um conjunto de distúrbios metabólicos que causam elevação nos níveis de glicose no sangue. Apesar de afetar amplamente o ser humano, essa condição não é exclusiva da nossa espécie, acometendo também outros tipos de seres em nosso convívio.

Dentre os animais domésticos, a diabetes é uma das principais doenças endócrinas diagnosticadas em cães e gatos. É o que afirma a Dra. Annice Aquino Cortez, docente da graduação em Medicina Veterinária da Universidade de Fortaleza, instituição da Fundação Edson Queiroz. Segundo ela, tem se observado um aumento no número de casos nessas espécies nos últimos anos.

Como identificar diabetes?

Profa. Annice pontua que os sinais clínicos mais comuns da diabetes em cães e gatos são:

- Aumento do volume de urina produzida em um dia (poliúria);
- Aumento da frequência no consumo de água (polidipsia);
- Aumento de apetite durante o dia (polifagia);
- Perda de peso;
- Elevação da glicose no sangue (hiperglicemia) de forma crônica;
- Presença de glicose na urina (glicosúria);
- Catarata diabética;

É possível evitar a doença?

Apesar de alguns fatores que ocasionam a diabetes serem genéticos, estar atento a outras questões no cuidado com seu animal de estimação pode reduzir as chances do seu “amigo peludo” desenvolver a doença. Annice destaca a importância de evitar comportamentos de risco, como a obesidade e o uso indiscriminado de glicocorticoides sem orientação profissional. Ela ainda lista as seguintes dicas para o cuidado de prevenção:

- Dar acesso rotineiro à atividades físicas;
- Oferecer alimentação de qualidade e balanceada;
- Realizar acompanhamento periódico com o(a) médico(a) veterinário(a);
- Tratar precocemente de distúrbios metabólicos, processos inflamatórios severos e doenças endócrinas.

Quais são as causas?

Cães

Em geral, a diabetes é desencadeada pela destruição de células beta pancreáticas ‒ responsáveis por sintetizar e secretar o hormônio insulina ‒, comprometendo a regulação de glicose no organismo. São considerados fatores que aumentam a predisposição à diabetes: distúrbios metabólicos, inflamações severas, outras doenças endócrinas e o uso de medicamentos do tipo glicocorticoides. Cadelas não castradas são mais acometidas pela diabetes, principalmente das raças Beagle e Border Collie.

Gatos

A diabetes pode ter relação com a com a obesidade felina, ocasionando uma resistência insulínica ‒ ação ineficaz da insulina nos tecidos ‒ que resulta no aumento dos níveis de glicose no sangue. Observa-se maior incidência em machos castrados, domiciliados, da raça Birmanês e com histórico de uso de corticóides.

O que fazer ao identificar os sintomas?

O mais indicado é levar seu bichinho a um profissional de Medicina Veterinária. Segundo Annice, “se a doença não for precocemente diagnosticada e controlada, o animal pode desenvolver complicações relacionados à cetoacidose diabética (alterações metabólicas extremas, incluindo hiperglicemia, acidose metabólica, cetonemia, desidratação e perda de eletrólitos) ou a doença renal crônica (diminuição lenta e progressiva da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue), com prognóstico reservado e risco de óbito do paciente”.

Como funciona o tratamento?

Após o diagnóstico positivo, o cão que porta diabetes precisa realizar insulinoterapia, ter um manejo nutricional balanceado e passar por monitoramento periódico da glicemia. Já o gato diabético precisa ter a obesidade controlada por ser um fator de risco pela resistência insulínica.

Annice ressalta a importância de haver o acompanhamento veterinário para garantir o tratamento correto de acordo com as necessidades de cada paciente. Tipos e doses erradas de insulina podem piorar o quadro do paciente e devem ser prescritas pelo médico veterinário.

No geral, cães e gatos apresentam uma boa resposta clínica quando o diagnóstico é precoce e o tratamento é realizado corretamente, mas é importante estar sempre atento caso algum sintoma apareça novamente. “O paciente [animal] deve ser periodicamente encaminhado para reavaliação e monitoramento completo por um médico veterinário e as cadelas portadoras da doença devem ser castradas”, conclui a docente.