Muita gente não sabe, mas há uma relação tão forte entre o intestino e humor que tanto o que acontece com o cérebro afeta o intestino quanto as alterações que ocorrem no intestino afetam o cérebro.

A comunicação entre cérebro-intestino acontece através das vias nervosas, neuroendócrinas e imunológicas, o que torna essa comunicação bidirecional, ou seja, é uma “via de mão dupla”, como explica Georgia Sampaio (foto), professora do curso de Nutrição da Universidade de Fortaleza.

O também professor de especializações em Nutrição Clínica, Clínica Funcional, Esportiva e Fitoterapia da Unifor, Filipe Brito, diz que o intestino tem uma grande quantidade de bactérias e, dependendo do perfil dessa comunidade bacteriana, ela pode influenciar positiva ou negativamente a saúde, também influenciando no humor.

“As bactérias não produzem hormônios, mas substâncias usadas pelas células intestinais como fonte de energia para manutenção, multiplicação e renovação dos enterócitos. Produz substâncias para matar e destruir bactérias patogênicas, que podem nos causar mal, e substâncias que geram um controle adequado do sistema imunológico, gerando um aspecto de saúde melhor”, aponta o professor Filipe.  

A interação dos nutrientes e substâncias presentes nos alimentos juntamente com a microbiota intestinal, intestino e metabolismo corporal são fatores contribuintes para melhorar o humor de um indivíduo. A professora Georgia explica que é necessário um conjunto de fatores para que essa mudança ocorra. “Entretanto, podemos dizer sim, que a alimentação tem influência nas respostas ao humor, já que a alimentação determina a microbiota do nosso intestino de forma a causar equilíbrio das respostas cerebrais, como a produção adequada de neurotransmissores no cérebro que poderão melhorar o humor”. 

Esses alimentos auxiliam na manutenção de uma microbiota saudável que reduz processos inflamatórios, auxiliando na produção de substâncias como os Ácidos Graxos de Cadeia Curta (ASGCC). Segundo Georgia, esses ácidos têm atuação no cérebro, levando ao equilíbrio no comportamento e humor, além de prevenir diversas patologias crônicas.

A dieta com influência nas respostas ao humor é baseada em: 

• Alimentos in natura;
• Frutas;
• Hortaliças; 
• Legumes 
• Leguminosas;
• Sementes.

Além da dieta pobre em nutrientes, o perfil de alimentação que contribui para um estado de humor depressivo e ansioso, segundo o professor Filipe é a pouca variação de alimentos durante a semana e a alta ingestão de alimentos processados e industrializados, como fast food. “A estratégia do descascar mais e desembalar menos é importante para um bom estado de saúde mental”, conclui.