Paralisia facial: saiba mais sobre esse quadro de saúde e como revertê-lo

Em meados de junho, o cantor canadense Justin Bieber divulgou um vídeo em seu perfil na rede social Instagram no qual mostra o rosto parcialmente paralisado. Na publicação, o artista relatou ter sido diagnosticado com a Síndrome de Ramsay Hunt, infecção facial e auditiva causada pelo vírus varicela zoster, responsável pela catapora e pela herpes-zoster, e que tem como um de seus sintomas a paralisia facial

A paralisia facial é uma alteração neurológica caracterizada pela interrupção dos movimentos dos músculos da face, acarretada pelo comprometimento dos nervos faciais. De acordo com Fernanda Maia, professora do curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, ela pode ser dividida em dois tipos: paralisia central ou periférica

A primeira acomete, em geral, indivíduos que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC), e normalmente vem acompanhada de fraqueza no músculo dos braços ou das pernas. O segundo tipo abrange a maioria dos casos de paralisia facial, e é definido pela imobilidade exclusiva dos músculos da face.  

Denise Klein, docente do curso de Fonoaudiologia da Unifor, explica que, além de uma consequência do AVC, o distúrbio pode ser decorrente de esclerose múltipla, de tumores que afetam o nervo facial, ou de infecções bacterianas e virais, como a experienciada pelo cantor. Alterações bruscas de temperatura e estresse também podem ocasionar paralisia facial.

Sintomas

Segundo Klein, os principais sintomas da paralisia facial envolvem alterações na sensibilidade do rosto, no paladar e na audição, assim como a diminuição de saliva e da produção de lágrimas. As características clínicas mais evidentes são a dificuldade para movimentar um lado rosto e a falta de expressão em um lado da face. 

Ela pontua que essa alteração neurológica também traz comprometimentos significativos nas funções de sugar, mastigar, engolir e falar, afetando também o lado social do indivíduo. “A expressão facial é a nossa comunicação não verbal. Por meio dela, exprimimos emoções como alegria, tristeza, raiva, dor, espanto. Quando há, então, a perda dos movimentos da face, comprometemos nossa comunicação não verbal e muito mais”, reforça a fonoaudióloga.

Diagnóstico e tratamento


A docente Denise Klein é Mestre em Educação em Saúde pela Unifor, e especialista em Psicomotricidade e Motricidade Oral (Foto: Ares Soares)

O diagnóstico do distúrbio deve ser realizado por profissionais da saúde, que podem englobar as áreas da medicina, fisioterapia, fonoaudiologia e demais áreas especializadas. Na maioria dos casos, a observação clínica é o suficiente; no entanto, para obter a diagnose completa e conduzir o tratamento da melhor forma, o profissional pode requerer exames complementares, como a ressonância magnética e/ou exames de sangue.

De modo geral, a paralisia facial periférica possui prognóstico positivo. Mas, com tratamento especializado e multidisciplinar, a recuperação pode ser mais rápida. A intervenção pode consistir na administração de medicamentos e colírios, aliada à exercícios fisioterápicos e fonoterapia, importantes para estimular a musculatura da mímica facial, da mastigação e da fala, assim como para evitar contraturas e atrofia das fibras musculares. 

“O tratamento fonoaudiológico ocorre para promover o equilíbrio da expressão facial, por meio de massagens indutoras, exercícios de movimento e força na musculatura orofacial. Quanto às funções referidas, [os fonoaudiólogos] buscam possibilitar ao paciente uma mastigação mais eficiente e sem escape do alimento, uma deglutição sem engasgos, bem como uma fala sem distorções na articulação dos fonemas (sons da fala)”, finaliza a profissional.