Proteção contra insetos: Descubra os benefícios de repelentes naturais e saiba como fazê-los em casa

Soluções caseiras à base de plantas medicinais podem ser ferramentas poderosas para se proteger dos mosquitos de forma prática e saudável 

No Ceará, os primeiros meses do ano são conhecidos pela “quadra chuvosa", período em que as chuvas se intensificam, transformando a paisagem e impulsionando o florescimento da vegetação. No entanto, junto com a renovação da natureza, esse período também traz consigo um desafio considerável: a proliferação acelerada de mosquitos.

Com a umidade e temperaturas propícias, esses insetos tornam-se mais ativos, aumentando o risco de disseminação de arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos principalmente por pernilongos. Passadas adiante pelo Aedes aegypti, essas contaminações frequente em áreas urbanas são: dengue, chikungunya e zika.

Diante desse cenário, diferentes pessoas podem optar por maneiras naturais de proteger-se contra a presença potencialmente perigosa desses insetos. Uma solução acessível e favorável para o meio ambiente ganha destaque nesse contexto: a produção caseira de repelentes naturais. 

Além de oferecer uma alternativa saudável aos produtos químicos convencionais, essa abordagem permite que pessoas de qualquer lugar utilizem recursos facilmente encontrados em suas casas, transformando plantas em proteções naturais contra mosquitos.

Inseticidas naturais: O que são e como funcionam? 

Inseticidas naturais são produtos desenvolvidos a partir de substâncias encontradas na natureza, sendo por vezes derivados de plantas medicinais e fitoterápicos. Eles oferecem alternativas ao uso de produtos químicos sintéticos para o controle de pragas, aproveitando propriedades orgânicas presentes em alguns desses vegetais.

Docente do curso de Farmácia da Universidade de Fortaleza e coordenadora do Grupo de Estudo de Farmacognosia e Fitoterapia (GEFF), Fabiana Pereira destaca que conhecimentos fitoterápicos existem desde a antiguidade. Segundo ela, são ferramentas que trazem diversos benefícios para o cotidiano de diferentes pessoas.



“Costumo dizer que, às vezes, a pessoa tem a cura de uma doença no quintal de casa e não sabe. A planta medicinal é do povo e para o povo, a fitoterapia é algo que faz parte da humanidade. As pessoas do passado sempre buscaram na natureza o tratamento para as suas doenças. Hoje temos legislações e meios oficiais que trazem publicações sobre comprovação científica dessas plantas, formas seguras de uso e dos benefícios delas.” – Fabiana Pereira, professora do curso de Farmácia e coordenadora do GEFF


A eficácia desses repelentes naturais está relacionada às propriedades presentes nas plantas que interferem nos processos biológicos dos insetos-alvo. O modo de atuação desses inseticidas pode variar, mas, na maioria das vezes, envolve a interferência nos sistemas nervosos ou metabólicos dos mosquitos.

Já alguns inseticidas naturais apresentam propriedades que afetam o sistema respiratório ou a integridade física dos insetos, resultando em incapacidade de se alimentar ou reproduzir. Essas características tornam esses produtos uma opção convidativa para o controle de pragas, proporcionando uma abordagem com menor impacto ambiental e menor exposição a substâncias químicas sintéticas.

Uma alternativa fácil e acessível

Na última semana, estudantes do GEFF do curso de Farmácia da Unifor – instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz – ministraram um minicurso de capacitação sobre preparações caseiras com plantas medicinais. As preparações ensinadas foram de infusos, diferentes tipos de tinturas, sabonetes caseiros, expectorantes e repelentes caseiros.

A professora Fabiana, que orientou o minicurso, ressalta a relevância da capacitação como meio para disseminar conhecimentos fitoterápicos tanto para o corpo acadêmico quanto para a sociedade. De acordo com ela, a importância disso vem da multiplicação dos conhecimentos sobre a fitoterapia por meio dos discentes. 

“Cabe a nós, estudantes e profissionais da área de saúde, participar desse momento ensinando a população a usar de forma correta, mostrando os benefícios de utilizar a natureza como nossa aliada e também ensinando a reconhecer as propriedades de plantas medicinais”, pontua a farmacêutica.

Confira receitas de repelente naturais para fazer em casa

Repelente de Cravo-da-Índia

Ingredientes 

  • Frasco com tampa
  • 100 ml de álcool 70%
  • 10 unidades de Cravo-da-índia
  • 25 ml de óleo vegetal de sua preferência (óleo de coco, girassol, milho)

Modo de preparo

  1. Para realizar o “extrato” da solução caseira, coloque em um recipiente com tampa o álcool e o cravo-da-índia seguindo as medidas orientadas.
  2. Tampe e coloque o recipiente com o extrato de álcool e cravo-da-índia em local arejado e sem luz por quatro dias.  Ao decorrer do tempo, movimente a mistura.
  3. Para fazer o repelente, adicione no extrato o óleo vegetal de sua preferência e misture bem antes de usar.

Indicações
Uso tópico (aplicado diretamente na pele)
Duração: 2h


Repelente de Citronela

Ingredientes

  • Um recipiente com tampa 
  • Quantidade de folhas para encher pela metade o recipiente utilizado
  • Álcool (quantidade suficiente para cobrir as folhas) 

Modo de preparo

  1. Utilizando um pote com tampa, adicione as folhas trituradas à mão até aproximadamente ¾ do pote.
  2. Adicionar álcool sobre as folhas até que o volume ultrapasse a quantidade de folhas no pote.
  3. Feche bem o pote, deixe repousar por cinco dias e depois coe o líquido em um frasco limpo.

Indicações
Uso no ambiente
Validade: 30 dias 

Aplicando repelentes naturais

Ao aplicar repelentes caseiros diretamente na pele, algumas considerações devem ser levadas em conta para garantir a segurança e eficácia da solução. O passo inicial deve ser verificar possíveis alergias a componentes presentes nas plantas ou óleos utilizados. Aplicar a solução em uma pequena área da pele pode ajudar a identificar reações adversas antes da aplicação em todo o corpo.

É importante ainda reconhecer que a eficácia dos repelentes caseiros pode variar entre pessoas e ambientes. Fatores como tipo de inseto, localização geográfica e condições climáticas podem influenciar a proteção oferecida. A aplicação cuidadosa, em intervalos adequados, pode se tornar uma estratégia para manter uma barreira contra insetos indesejados.



Em comparação com repelentes químicos, os repelentes caseiros à base de plantas medicinais possuem impacto ambiental menor (Foto: Getty Images)


Ao incorporar repelentes caseiros na rotina doméstica, é prudente lembrar que eles podem complementar, mas não substituir completamente, outras medidas de controle de insetos, como telas em janelas, limpeza de áreas propícias à reprodução e precauções específicas em situações de maior risco.

Pensando em estudar Farmácia? 

A graduação em Farmácia da Unifor é projetada para aqueles que buscam a excelência na formação farmacêutica em Fortaleza. O curso oferece uma abordagem abrangente, desde o preparo e controle de qualidade até a orientação sobre o uso adequado desses produtos na assistência farmacêutica.

Os alunos são preparados para atuar em diversas áreas da profissão farmacêutica. Com uma abordagem integrada, a formação abrange análises clínicas, toxicológicas e forenses, contribuindo para o benefício da saúde individual, familiar e comunitária.