Sua voz precisa de cuidados, saiba o que pode prejudicá-la

Quando será a sua próxima conferência virtual? Você vai precisar apresentar trabalho ou participar de aula por meio de videochamada? É bem provável que sim. 

Se existe algo que se estabeleceu em nossas rotinas - apesar do retorno gradual das atividades econômicas - foi o uso da tecnologia para otimizar custos, encurtar distâncias, agilizar processos, etc.

E no meio disso tudo, o uso da nossa voz. Às vezes por horas seguidas. Sem descanso.

Conheça seu corpo

Para aliviar desconfortos, inflamação, rouquidão, entre outros problemas causados pelo uso contínuo da voz, é comum as pessoas buscarem por receitas caseiras como limão com mel, leite com mel, água com gotas de limão… Mas será que tudo isso funciona de verdade?

Charleston Teixeira, professor do curso de Fonoaudiologia da Universidade de Fortaleza, explica que o som que produzimos vem de três sistemas: respiratório, fonatório e articulatório. Esses três sistemas devem estar em equilíbrio, pois qualquer distúrbio pode comprometer a nossa voz.

“Pelo sistema fonatório - onde estão as pregas vocais - passa apenas o ar. Nenhum alimento beneficia a nossa voz, porque não passa pelas pregas vocais. O alimento vai nutrir o nosso corpo, vai melhorar nosso rendimento, nossa disposição. Ou ao contrário, pode causar desconfortos, alergias, anestesias - no caso de bebidas alcoólicas - e isso vai interferir no corpo todo. Então, a priori, nenhum alimento tem essa função milagrosa de melhorar a voz, visto que eles não têm uma relação direta”, esclarece Charleston.

Pigarro na garganta

O professor lembra que pode acontecer de a pessoa ingerir alimentos que têm gordura, e essa substância acaba ficando impregnada na nossa cavidade oral, promovendo pigarro. “O pigarro é quando a secreção se desloca em direção às pregas vocais. Então, o chocolate e o mel, por exemplo, podem causar isso”.

Agora, se você está com as pregas vocais debilitadas, por conta de falar demais, o mel não tem nenhum efeito positivo. “Muito pelo contrário, ele pode aumentar a secreção e vir a trazer mais desconforto. O mel é utilizado para outras afecções da cavidade oral, caso seja indicado por um profissional, mas não para as pregas vocais”, alerta Charleston.

Já o limão é ácido e pode causar desconfortos, assim como as bebidas alcoólicas que anestesiam toda a estrutura da cavidade oral. “Algumas pessoas sentem que ao tomar leite ficam com uma secreção na boca, que o caju causa desconforto, pipoca, pimenta… Essas pessoas têm que ficar atentas às substâncias que causam algum desconforto, e isso depende de corpo para corpo, de metabolismo para metabolismo”.

Mascar chiclete ajuda?

Charleston Teixeira ensina que os músculos da face - que fazem parte do nosso sistema articulatório - precisam ser fortalecidos. Desde o momento em que nascemos, ao fazermos o movimento de sucção durante a amamentação, nós já estamos praticando um exercício que seguirá pelo resto das nossas vidas.

Mastigar bem os alimentos acaba fortalecendo essa musculatura, fazendo com que a fala também ganhe força na articulação das palavras. Apesar de mascar chiclete promover a atividade mastigatória, ela tem apenas efeito recreativo. “Não é uma prática utilizada como recurso terapêutico para melhorar a musculatura de face. Nós (fonoaudiólogos) utilizamos uma série de outras atividades: massagens, bandagem, mas não chiclete”, garante o professor.

Beba água e descanse

O melhor amigo da voz é a água. Beba água sempre! Essa é a principal recomendação.

Outra orientação que pode ajudar: antes de utilizar a voz, evite comer em grandes quantidades para a respiração ficar mais livre e a voz ser produzida de maneira mais confortável.

Repousar também é fundamental. “Estamos falando de músculos da respiração, fonação (que são as pregas vocais), músculos da articulação das palavras; eles têm que ter um descanso ali de, pelo menos, o mesmo tempo que se fala - isso sem contar o sono, que são aquelas pretensas 8 horas. Se você falou durante 5 horas, é preciso ter 5 horas de descanso em vigília”, orienta o professor Charleston.

Após todas essas dicas, se você ainda apresentar rouquidão, cansaço ou outras alterações na voz por mais de 10 dias, procure um especialista.

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