null Orgulho Unifor: Egresso de Psicologia coordena departamento de saúde mental no Canadá

Seg, 8 Janeiro 2024 17:03

Orgulho Unifor: Egresso de Psicologia coordena departamento de saúde mental no Canadá

Rafael Torres atua em comitê para reduzir novas infecções por HIV em Toronto e promover independência, dignidade, saúde e bem-estar de quem vivem com HIV e AIDS


Formado pela Universidade de Fortaleza, Rafael começou a trabalhar no Comitê de AIDS de Toronto há três anos como conselheiro de saúde mental (Foto: Arquivo pessoal)
Formado pela Universidade de Fortaleza, Rafael começou a trabalhar no Comitê de AIDS de Toronto há três anos como conselheiro de saúde mental (Foto: Arquivo pessoal)

A escuta e a prática do cuidado ao outro interessou Rafael Torres, egresso do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza — instituição da Fundação Edson Queiroz —, desde cedo. Ele conta que sua mãe, também psicóloga e que atuou por muito tempo na área da educação, foi a maior responsável por mostrá-lo a importância do ensino e da escuta qualificada.

“A área da saúde sempre foi uma paixão. Com o tempo, meu interesse foi se ampliando em práticas holísticas de cuidado e de promoção da saúde”, compartilha o profissional, que hoje vive no Canadá. Lá, ele acumulou diversas experiências que culminaram na sua atual ocupação: gestor do Departamento de Saúde Mental do Comitê de AIDS de Toronto (ACT - AIDS Committee of Toronto).

Criado há 40 anos durante a epidemia de AIDS nos anos 1980, o ACT é uma organização que busca reduzir novas infecções por HIV na capital canadense, assim como promover independência, dignidade, saúde e bem-estar das pessoas que vivem com HIV e AIDS. A instituição é conhecida em Toronto, especialmente pela comunidade LGBTQIA+, da qual Rafael declara fazer parte.

O Comitê era inicialmente organizado por voluntários, mas o crescimento e a importância do trabalho para a sociedade transformaram a entidade ao longo das décadas. Em 2023, por exemplo, o ACT passou por uma reestruturação e criou o Departamento de Saúde Mental, para o qual o egresso da Unifor foi convidado pelo seu antigo gerente para assumir a liderança.

“Buscamos implementar novas práticas, como um modelo de cuidado escalonado (que encaminha os indivíduos diretamente para serviços específicos a depender das demandas – uma prática que vem sendo cada vez mais utilizada no cuidado de saúde mental em Toronto), além de outras ações de cuidado psicossocial, como grupos de meditação e yoga, e até mesmo levando para a América do Norte a Terapia Comunitária Integrativa, uma prática cearense de cuidado em grupo”, revela Rafael.

Formação sensível e de excelência

Ainda em Fortaleza, ele ingressou no curso de Psicologia da Unifor em 2007, quando um novo currículo estava sendo implementado, incluindo as Práticas Integrativas já nos semestres iniciais. Segundo Rafael, essas experiências foram muito ricas para seu aprendizado e para a conexão teoria-prática. Nos últimos anos de estágio, o então estudante se dedicou a atividades ligadas à Psicologia da Saúde, Psicologia Social e Práticas Clínicas.

O psicólogo ressalta que o corpo docente diverso e competente da Universidade muito contribuiu para sua formação. Hoje, ele se orgulha de ter professores que viraram amigos e dos colegas de turma que agora são docentes da instituição. “As possibilidades de vivências no campus e parcerias de estágios também abriram muitos caminhos de atuação profissional”, destaca.

Já graduado, Rafael concluiu a Residência Multiprofissional e fez mestrado em Saúde Pública. Ele trabalhou em instituições como Hospital São Camilo Cura D'ars, Prefeitura de Fortaleza e Instituto do Câncer do Ceará (ICC), atuando como psicólogo da saúde, coordenador de uma clínica-escola de psicologia e professor universitário, além de psicoterapeuta individual e de grupo. Também foi facilitador de cursos de formação nas práticas de Psicologia da Saúde aqui no Brasil.


“Com as experiências da graduação, pós-graduação, de trabalho e vivências internacionais, compreendo que os indivíduos são seres multidimensionais e complexos. Por isso é tão importante desenvolver um cuidado de saúde mental que considere os contextos de vida e viver, e que dialogue com essas pessoas, suas identidades, interseccionalidades e desafios.”Rafael Torres, psicólogo graduado pela Unifor

Oportunidades em terras canadenses

Rafael visitou Toronto pela primeira vez em 2014, ainda na Residência Multiprofissional, quando fez um estágio em um dos maiores hospitais e centros de pesquisa da cidade, vinculado à Universidade de Toronto. Ele gostou tanto da experiência que decidiu se mudar para lá em 2017.

O Canadá é um dos países com maior qualidade de vida e respeito às diversidades, isso fez eu me apaixonar pelo país. E como Toronto é a maior cidade, a diversidade de pessoas, culturas e estilos de vida é impressionante, apesar do frio do inverno ainda ser um desafio”, afirma o psicólogo.

Em Toronto, fez uma pós-graduação em Saúde Mental e, desde então, tem trabalhado com serviços psicossociais, tendo atuado em departamentos de saúde de instituições de ensino. Por lá, ele aprimorou a prática de cuidado a jovens adultos e imigrantes, desenvolvendo e ampliando sua competência cultural — algo que Rafael enfatiza ser um conceito muito importante quando se trabalha com pessoas de diversos países e culturas.

Na megalópole canadense, o egresso da Universidade de Fortaleza trabalhou na escola de inglês International Language Academy of Canada, na Lakeridge Health, uma rede de saúde do leste da cidade, e na Niagara College Toronto.

Saúde mental para pessoas com HIV

Há três anos, o psicólogo faz parte da equipe do AIDS Committee of Toronto (ACT). Inicialmente, atuava como conselheiro de saúde mental, promovendo aconselhamento psicossocial individual e grupal para comunidades LGBTQI+, imigrantes latinos e pessoas vivendo com HIV.


“Ao longo dos anos, com os avanços na medicina e terapêuticas, o foco de trabalho foi ampliado para promoção de saúde, atenção à saúde sexual e outras ISTs, além de continuar apoiando pessoas vivendo com o vírus do HIV (uma infecção controlável, onde poucos indivíduos vêm a desenvolver a AIDS). Quando vi a vaga, na época, para conselheiro de saúde mental comunitária, decidi aplicar. Eles estavam procurando por alguém que falasse mais de uma língua, com experiência internacional, e deu tudo certo.”Rafael Torres, egresso do curso de Psicologia da Unifor

Com a reestruturação do ACT em 2023, criou-se um Departamento de Saúde Mental, para o qual Rafael foi convidado como gestor por seu antigo gerente, hoje colega e mentor. Segundo o então chefe, a experiência do psicólogo seria perfeita, já que eles buscavam alguém com vivências tanto clínicas quanto de gestão para se responsabilizar pelo setor.

Atualmente, como gestor do Departamento, o brasileiro coordena o time de assistentes sociais, psicoterapeutas e facilitadores de grupo que promovem avaliações de saúde mental, atendimentos individuais de curto e médio prazo, e grupos de apoio e psicoeducativos. 

O trabalho desenvolvido por Rafael e pelos demais membros do ACT tem como foco reduzir novas infecções por HIV em Toronto e promover independência, dignidade, saúde e bem-estar das pessoas que vivem com HIV e AIDS. No Comitê, eles trabalham com os dados epidemiológicos locais sempre priorizando as populações que estejam em maior situação de risco.