null Estudante e docente da Unifor são exemplos de mulheres que fazem a diferença na tecnologia

Seg, 18 Março 2024 11:35

Estudante e docente da Unifor são exemplos de mulheres que fazem a diferença na tecnologia

Com talento e ousadia, elas conquistaram lugares de destaque no mercado e na pesquisa acadêmica


Público feminino se destaca em profissões ligadas à tecnologia (Foto: Getty Images)
Público feminino se destaca em profissões ligadas à tecnologia (Foto: Getty Images)

A Universidade de Fortaleza, instituição de ensino da Fundação Edson Queiroz, incentiva o desenvolvimento profissional de todo o corpo acadêmico, desde alunos ingressantes a docentes da pós-graduação.

Essa premissa se reflete nas histórias de Adele Araújo e Andreia Formico. Duas mulheres, em diferentes momentos da vida acadêmica, que encontram na instituição suporte para desenvolver talentos e habilidades na área da tecnologia.

Autenticidade e conhecimento

Segundo a pesquisa Woman in Technology, de 2021, que coletou dados em países da América Latina como Argentina, Brasil, Colômbia, México, entre outros, menos de 20% dos cargos das áreas de tecnologia no Brasil são ocupados por mulheres.

Adele Araújo, estudante do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Unifor, contribui para que essa realidade mude pouco a pouco. A discente é estagiária da Trilha Edu, startup instalada no Unifor Hub, espaço que atua no desenvolvimento de empresas do ramo tecnológico.

Focada no setor educacional, a startup desenvolve uma tecnologia que auxilia professores e alunos durante o processo de aprendizagem da matemática, com o objetivo de levar educação de qualidade para o ensino fundamental, médio e superior.

A jovem atua no back-end (área responsável pelo que está por trás do site, como servidor, banco de dados e aplicação) e no front-end (lidando com estrutura, design, conteúdo, etc).


Presença feminina na Trilha Edu contribui para quebra de paradigmas na área da tecnologia (Foto: Arquivo pessoal)

Ela considera o estágio na Trilha Edu como um grande marco na própria vida acadêmica e profissional. "Trouxe muito aprendizado técnico e emocional, que são e serão de grande valia para minha carreira como um todo", avalia a estudante.

O fato de ser uma mulher em um meio profissional ainda predominantemente masculino não intimidou Adele. "Apesar de ser uma minoria, nunca me senti subestimada. Na verdade, sempre achei que sou ainda mais valorizada no meio por isso. Relembro meu valor como mulher e tudo que tenho a acrescentar e a abrilhantar no meio em que me insiro", destaca.


"Todos os meus colegas sempre foram muito gentis e respeitosos, mas é verdade que se trata de uma área com predominância masculina e é impossível não se sentir ameaçada sendo uma minoria. Ainda assim, nunca me senti subestimada" – Adele Araújo, estudante do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Unifor

Para meninas que têm o desejo de ingressar na área, Adele frisa a importância da autenticidade. "Não anulem suas características femininas para se adequar ao meio. Sejam autênticas, sejam vocês mesmas e tenham certeza de que há espaço para vocês. E claro, estudem e se dediquem bastante, porque o conhecimento e o esforço contam muito nessa área", aconselha.

Uma trajetória marcada por conquistas

Docente da Pós-Graduação em Informática Aplicada (PPGIA), Andreia Formico revela que seu maior desafio enquanto mulher e profissional aconteceu na juventude, quando teve que enfrentar assédios por parte de indivíduos em cargos superiores ao seu. 

Essas experiências a fizeram abandonar posições que havia alcançado em concursos com esforço e dedicação. "Enfrentar essas adversidades me ensinou a importância de um ambiente de trabalho seguro e respeitoso para todos os profissionais", ressalta a pesquisadora. 

Com inúmeras conquistas na jornada profissional, a professora destaca a orientação de alunos da Unifor em pós-graduação e iniciação científica, cujos trabalhos foram premiados em concursos nacionais concorridos, promovidos pela Sociedade Brasileira de Computação. Ela frisa que, historicamente, nessa área, a maioria dos professores orientadores são homens. O fato reflete o impacto da atuação acadêmica da docente na formação de pesquisadores de excelência. 

"A Unifor promove o engajamento feminino na pesquisa em tecnologia por meio de várias iniciativas, visando criar um ambiente inclusivo e encorajador para mulheres na ciência e tecnologia. Como docente do PPGIA, observo o compromisso em fomentar a diversidade e igualdade de gênero em nossos programas e projetos" – Andreia Formico, docente da Pós-Graduação em Informática Aplicada da Unifor

Formico tem ainda importantes participações em conferências científicas nacionais e internacionais, e está na presidência da Comissão Especial em Jogos e Entretenimento Digital (CEJOGOS) da Sociedade Brasileira de Computação desde 2020. Além disso, atua como editora convidada e associada para periódicos qualificados, reconhecidos no país e no exterior, vivência que tem sido significativa para a carreira em pesquisa científica. 

"Está solidificando minha posição como pesquisadora em minha área de atuação para além da Unifor e permitido que eu desempenhe um papel ativo no desenvolvimento de futuras gerações de cientistas e pesquisadores, de uma forma mais global", analisa Andreia.

Interseção entre jornada pessoal e profissional 

Em 2009, Andreia descobriu um câncer de mama. Segundo ela, a enfermidade reforçou a própria resiliência, impulsionando o engajamento em pesquisas tecnológicas voltadas ao bem social. A pesquisadora fez parte da equipe que desenvolveu o Diagnóstico Automático de Apoio a Mamografia, também conhecido como Sistema DAMA, que visa auxiliar na identificação desse tipo de câncer por meio da Inteligência Artificial. 

"[O Dama] não apenas culminou em uma dissertação de mestrado orientada por mim, mas também serviu como impulso inicial para pesquisadores de primeira linha que hoje contribuem significativamente para o mercado e para a sociedade, transformando vidas", comemora a docente.

A atuação da professora Andreia em tecnologia aplicada às áreas de saúde e educação abrange Computação Gráfica, Jogos Digitais, Realidade Virtual e Visão Computacional. O objetivo da pesquisadora é desenvolver soluções inovadoras, para além da área acadêmica, focando em simulação de procedimentos médicos, promoção de empatia e prevenção em saúde para uma variedade de cânceres.

Ela conta que a pesquisa que desenvolve junto aos alunos se une ao compromisso pessoal com a inovação em saúde. Isso se manifesta por meio de jogos transformacionais, uso de realidade virtual para saúde mental na plataforma Meta Quest, aplicação da Ciência de Dados na detecção de quedas e no monitoramento remoto dos sinais vitais de pacientes em leito hospitalar.


Andreia Formico coordena projeto que usa tecnologia para detectar quedas em humanos (Foto: Arquivo pessoal)

"Essas iniciativas são essenciais para o progresso tecnológico e para a melhoria da qualidade de vida do cidadão, evidenciando o potencial da ciência como uma força para o bem social", complementa.

Perspectivas para o futuro

Formico vislumbra um futuro onde a presença feminina em ciência e tecnologia não apenas se expanda significativamente, mas também seja plenamente valorizada. Ela acredita que esse avanço será impulsionado por educação acessível e políticas inclusivas, estabelecendo a diversidade como pilar central da inovação.

A docente prevê mulheres ocupando cada vez mais posições de liderança e desempenhando papéis estratégicos no desenvolvimento científico e tecnológico. "Além disso, a visibilidade de mulheres cientistas e gestoras bem-sucedidas deverá inspirar futuras gerações, fomentando um ciclo de empoderamento e representação que reforça a importância e o impacto da presença feminina na sociedade", conclui.