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Seg, 11 Março 2024 11:16

O que é e como funciona a inflação? Entenda causas e consequências

Saiba como o fenômeno econômico afeta o desenvolvimento do país e o poder de consumo da população


A inflação reduz o poder de compra da moeda, dificultando a aquisição de bens e serviços (Foto: Getty Images)
A inflação reduz o poder de compra da moeda, dificultando a aquisição de bens e serviços (Foto: Getty Images)

O Brasil já passou por períodos de altas taxas de inflação, chegando a superar 82% ao mês nos anos 1980, de acordo com a Agência de Notícias IBGE. Após diversas tentativas de diferentes governos para controlar a situação, o problema atualmente é bem menor do que já foi no passado, no entanto, continua merecendo atenção, pois é um tema que mexe com a realidade de todos.

Segundo o economista Ricardo Coimbra, docente do curso de Ciências Econômicas da Universidade de Fortaleza — vinculada à Fundação Edson Queiroz —, a inflação se caracteriza pelo aumento generalizado e contínuo do nível dos preços de bens e serviços. Isso gera incerteza sobre o futuro, o poder de consumo das pessoas e a capacidade de investimento do setor produtivo.

Tipos de inflação

A inflação acontece por motivos variados, entre eles está o desequilíbrio entre oferta e demanda, o aumento dos custos de produção, a maior emissão de papel-moeda etc. Saiba mais sobre cada tipo de inflação a seguir:

  • Inflação de demanda

Acontece quando os preços sobem devido a uma procura de bens e serviços maior do que a disponibilidade. Com poucos itens disponíveis, há uma “disputa” por eles, o que favorece a alta dos preços.

  • Inflação de custos 

É decorrente da alta dos custos de produção. Quando o acesso a uma matéria-prima é afetada por questões como seca ou guerra, por exemplo, esse custo mais alto é repassado ao consumidor (o aumento do preço do trigo e de fertilizantes devido à guerra entre Ucrânia e Rússia é um caso disso).

  • Inflação inercial

Não é influenciada por fatores econômicos reais, mas pela expectativa das pessoas e empresas diante da memória inflacionária de períodos anteriores. Ocorre um reajuste voluntário por parte dos comerciantes que eleva os preços de forma geral.

  • Inflação estrutural

Tem origem em problemas de infraestrutura do país, que dificultam e trazem prejuízos para a produção (como má conservação das estradas ou baixo investimento em tecnologia), tornando os preços dos produtos mais altos.

Consequências socioeconômicas

Com a queda no poder de compra, o volume de investimentos sobre determinadas atividades também cai em função da incerteza de lucratividade. Esse movimento acaba retraindo a atividade econômica e, como consequência, gera-se menos emprego.

“Isso afeta a vida das pessoas em relação ao emprego, mas também à dificuldade de ter acesso ao consumo de diversos bens se os preços estiverem muito elevados. Ou seja, excluindo parte significativa dos indivíduos da sua capacidade de consumo e, muitas vezes, gerando desequilíbrio socioeconômico”, explica o professor Ricardo Coimbra.


Cenário econômico instável impacta diretamente investimentos estrangeiros no país (Foto: Getty Images)

A desvalorização da moeda nacional é outro efeito da inflação, que traz como consequência a elevação nos preços de produtos importados, assim como o aumento dos custos de produção local. É um conjunto de fatores que propiciam o desinteresse de investimentos internacionais. 

Como a inflação é medida?

Há diversos índices e indicadores que acompanham a variação dos preços de um período para outro, entre eles o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ele é considerado um dos mais importantes indicativos entre os calculados no país, uma vez que abrange cerca de 90% das pessoas que vivem em áreas urbanas do Brasil.

O IPCA analisa os indivíduos que ganham de 1 a 40 salários mínimos. Esse índice visa medir a inflação de um grupo de produtos comumente consumidos pelas famílias (arroz, feijão, carne, frango, ovo, tomate, cebola etc), por isso reflete o custo de vida médio da população que possui renda dentro desse limite salarial.

Estratégias de controle da inflação

O controle da inflação está diretamente ligado às causas que a originaram. Segundo Coimbra, no que se refere a uma inflação de demanda, quando há o desequilíbrio (muito dinheiro em circulação), de um modo geral, utiliza-se de políticas monetárias para reduzir a quantidade de moeda circulando. A estratégia mais utilizada nos bancos centrais do mundo é a elevação dos juros.

“À medida que você eleva os juros, dificulta-se o consumo, principalmente aquele onde as compras são parceladas. Então, a capacidade de consumo é retraída à medida em que os juros sobem de forma significativa, ou seja, o crédito fica mais caro e acaba retraindo a atividade”, analisa o docente.

Ricardo explica ainda que, no caso de uma inflação de custos de produção, o procedimento pode ser algum tipo de redução tributária específica em determinado segmento de atividade que esteja passando pelo problema.


Nos últimos dez anos, o Brasil vem buscando alcançar seus objetivos de meta inflacionária. Em função disso, vem usando seus instrumentos, sobretudo política monetária, de utilização da taxa de juros como principal mecanismo para tentar controlar esse processo inflacionário.” — Ricardo Coimbra, economista e professor de graduação e pós-graduação da Unifor

Em busca do equilíbrio

Para o professor, o cenário econômico ideal é de inflação nula – ou menor possível –, haja vista que a deflação (queda generalizada nos preços) também é uma distorção que pode trazer consequências negativas, como a recessão econômica. O especialista ressalta que quanto menor a inflação, menos impactos para o setor produtivo e para a população como um todo.

Para se alcançar ou chegar o mais próximo possível da inflação nula, o Banco Central brasileiro estipula metas anuais. Atualmente, o objetivo é de 3% ao ano, com intervalo de 1,5% para cima e 1,5% para baixo. “O ideal é que se consiga alcançar o centro da meta de inflação estipulada pelo gestor de política monetária do país”, destaca o docente.

Ricardo ressalta ainda que o Banco Central vem utilizando instrumentos para tentar controlar o processo inflacionário de forma efetiva. No entanto, além da inflação de demanda, outras variáveis podem influenciar as taxas finais a cada ano, como o que aconteceu em 2021 por conta da pandemia de Covid-19. Após esse ano, a trajetória de queda das taxas foi retomada. 


Gráfico apresenta inflação anual de 2013 a 2023 (Imagem: Reprodução www.meubolsoemdia.com.br)

Com base no Relatório Focus — divulgado semanalmente pelo Banco Central e que resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado —, o professor informa que a inflação para 2024 deve girar em torno de 3,9%, enquanto que para o ano de 2025, a projeção é de 3,6%. Ambas um pouco além da meta de 3%, mas ainda dentro da margem de 1,5% para cima.

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